quarta-feira, setembro 26, 2007

A judeo-fobia e os neo-nazis

Já alguém explicou, mas, como sempre, ninguém ligou nenhuma. Quando as crises se acentuam, quando o desemprego aumenta, quando as pessoas deixam de poder pagar as suas contas e quando na vida quotidiana tudo parece correr mal, a origem e os causadores de tudo são... os judeus.
Neste quadro de crise em Portugal ressurgem movimentos minoritários, é certo, mas que conseguem provocar alguma perturbação. Desta vez nem os mortos puderam escapar pois as suas lápides foram vandalizadas com cruzes suásticas (ver aqui, aqui e aqui). Aparentemente, uns jovens que se dizem de extrema-direita foram presos, mas a sua intenção em afirmar a “supremacia da raça branca” face a “raças infectas” (seja lá o que isso for) é o que sobressai.
Os princípios neo-nazis são a defesa da “pureza da raça” mas, ainda estou à espera que alguém me explique o que é isso de raça. Este termo faz-me lembrar o pedigree dos cães, bois, cavalos e outros animais afins que de tanto serem apurados começam a ficar com fragilidades físicas e mentais. Para além disso está-se em Portugal cujo povo se caracteriza pela... miscigenação. Portanto, falar em raça só pode dar azo a umas boas gargalhadas.

Segundo estudos genéticos os portugueses são dos povos com maior percentagem de sangue africano comparado com outros povos europeus. A actual população portuguesa sofreu ao longo de milhares de anos a esta parte um processo de assimilação de povos de origens diversas. O sangue de cada um dos portugueses de hoje contém percentagens de sangue de várias áreas de África (seja berbere e/ou semita ou mesmo de negros), de povos indo-europeus, de eslavos, de tribos e povos autóctones (e até estes vieram de algum lado) ou que migraram das mais recônditas zonas do planeta. Os muçulmanos estiveram na Península durante séculos, tal como os judeus, sendo altíssima a possibilidade de cada um de nós ter sangue dum ou de ambos.

Por conseguinte, os mentecaptos dos neo-nazis portugueses que proclamam a “pureza da raça”, tal como Hitler o fez, vivendo no regime nazi seriam os primeiros a encabeçar as fileiras daqueles a quem o trabalho liberta (Arbeit macht frei). É que com a tecnologia de hoje facilmente se descobririam os traços de sangue arraçado dos himmlerzinhos portugueses, que para além do mais são um bocadinho escuros de pele para se compararem aos lindos moçoilos e moçoilas da “raça ariana”, a raça XPTO e topo de gama.

6 comentários:

Pata Negra disse...

É impressionante como ainda continuam a existir resquícios do nazismo! Que estranha a mente humana!
É impressionante existirem ainda povos que teimam em ser raça, como os judeus! Que estranha religião!

Flávio Josefo disse...

Sofia
Tem toda a razão. Pela primeira vez na vida estou solidário com Pedro Santana Lopes.

João
Os judeus não são uma raça nem querem ser uma raça: há judeus brancos, negros, asiáticos, portanto não podem ser uma "raça".
Quanto à religião, cada um acredita no que quer e não me parece que o ser "estranho" preocupe alguém quando escolhe a sua fé.

MARIA disse...

Flávio:
Estilo impressionante e inconfundível o seu neste post!
Lamentavelmente nos nossos dias ainda nos confrontamos com esta triste realidade psicótica - a busca por uma certa espécie de superioridade ...
Terão sido esses indivíduos a inventar o chocolate branco ?
Na sua receita Flávio, aplique o moreninho e guarde para a sua amiga aquele pedacinho especial..
Um beijinho.
Maria

Flávio Josefo disse...

Maria
Uma boa verdade, todos queremos ser diferentes. Se é superioridade ou não, cada um que avalie.
O Fondue de Chocolate e os nossos morangos (e outras frutas) é sempre com chocolate negro.
Nã o chocolate branco é muita gordo. Será que isto é uma forma de descriminação?
Lá estou eu com a mania de ser diferente...

pat disse...

Para ser aceite pela sociedade é bom que não sejamos muito diferentes, pois seremos "crucificados".

É pena que maior parte das pessoas não perceba que a diversidade faz parte da própria evolução e que sem ela o mais certo é a extinção.

Flávio Josefo disse...

Pat
Os crucifixos eram coisas dos romanos, hoje há outras formas de acabar com os que têm a mania de ser diferentes. O problema é que há sempre formas de ressuscitar os velhos problemas e os que eram supostos estar mortos.
A esperança e a capacidade de sobrevivência são das últimas coisas a sucumbir.
A malta é muito teimosa...