Toda a gente sabe dos problemas do nosso sistema nacional de saúde, mas quase todos concordarão que se deve manter pois nem todos podem ir para clínicas privadas portuguesas que à mínima complicação evacuam os doentes para os hospitais estatais. Nem todos podemos ir para Espanha ou outro país por razões financeiras e de capacidade de endividamento. Por isso considero ser nosso dever zelar pelas boas condições dos hospitais e centros de saúde.
Desde há décadas, e ao que parece ser uma atitude corporativa, que se limita o acesso ao curso de Medicina e mais ainda às especialidades a alunos com notas muito acima da média. O resultado está à vista, não há médicos a ponto de terem de vir para cá os espanhóis garantir o atendimento aos doentes. Os enfermeiros são médicos frustrados, enquanto que os médicos entre um emprego mal pago num qualquer centro de saúde e as clínicas privadas onde pagam bem e podem acumular com horas noutros locais, escolhem o óbvio.
A estratégia para acabar com o SNS começou há décadas, agora resta saber se nos vamos conformar com isso ou não, pois o sistema de seguros de saúde é muito bonito, mas tal como todos os seguros, quando precisamos dele só cobre uma parte ou não cobre, precisamente, o tratamento do mal de que sofremos. Não tendo qualquer tipo de seguro sujeitamo-nos a figurar numa das histórias do Sicko de Michael Moore – a que mais gosto é a do indivíduo que cortou dois dedos e teve que optar por um, o mais barato, porque não tinha dinheiro suficiente para enxertar os dois.
Neste sistema de seguros existem sempre pessoas que pela sua (in)capacidade económica podem morrer sem serem atendidos. Neste caso as pessoas morrem simplesmente porque não têm dinheiro! É o primado de que tudo tem de ser pago e que a economia nos rege, sendo os valores humanos simplesmente desprezados.
Num qualquer sistema nacional de saúde – que não esteja a ser desmantelado – tal também pode suceder, mas será sempre considerado incúria e em extremo um crime que pode ser levado a tribunal e os responsáveis serem condenados. Neste caso prevalecem os valores humanos face à economia. O que é importante é a humanidade e não o que cada uma das pessoas vale em dinheiro.
Ultimamente a atitude perante a suposta (digo suposta porque em economia há formas de investimento que podem garantir o pagamento das despesas e conseguir lucros) insustentabilidade do SNS é aplicar a teoria do utilizador-pagador. Contudo, nós quando pagamos os nossos impostos já garantimos a entrada de dinheiro para este sector, o que quer dizer que esse dinheiro está a ser desviado para outras coisas que não são a saúde. Ou seja, os portugueses que são dos que mais mal ganham pagam duas vezes a saúde e muitos recorrem ao sistema privado, pagando e não usufruindo dos serviços que pagaram.
Hoje em dia os portugueses pagam 22,5% dos cuidados de saúde à cabeça, enquanto se fica pelos 10% na Holanda e na Inglaterra. Ou seja, a ideia do utilizador-pagador está a vingar. Continuo sem saber para onde vai o dinheiro que corresponde aos tais 22,5% das despesas de saúde pagos duplamente pelos portugueses, alguém sabe dizer?
Desde há décadas, e ao que parece ser uma atitude corporativa, que se limita o acesso ao curso de Medicina e mais ainda às especialidades a alunos com notas muito acima da média. O resultado está à vista, não há médicos a ponto de terem de vir para cá os espanhóis garantir o atendimento aos doentes. Os enfermeiros são médicos frustrados, enquanto que os médicos entre um emprego mal pago num qualquer centro de saúde e as clínicas privadas onde pagam bem e podem acumular com horas noutros locais, escolhem o óbvio.
A estratégia para acabar com o SNS começou há décadas, agora resta saber se nos vamos conformar com isso ou não, pois o sistema de seguros de saúde é muito bonito, mas tal como todos os seguros, quando precisamos dele só cobre uma parte ou não cobre, precisamente, o tratamento do mal de que sofremos. Não tendo qualquer tipo de seguro sujeitamo-nos a figurar numa das histórias do Sicko de Michael Moore – a que mais gosto é a do indivíduo que cortou dois dedos e teve que optar por um, o mais barato, porque não tinha dinheiro suficiente para enxertar os dois.
Neste sistema de seguros existem sempre pessoas que pela sua (in)capacidade económica podem morrer sem serem atendidos. Neste caso as pessoas morrem simplesmente porque não têm dinheiro! É o primado de que tudo tem de ser pago e que a economia nos rege, sendo os valores humanos simplesmente desprezados.
Num qualquer sistema nacional de saúde – que não esteja a ser desmantelado – tal também pode suceder, mas será sempre considerado incúria e em extremo um crime que pode ser levado a tribunal e os responsáveis serem condenados. Neste caso prevalecem os valores humanos face à economia. O que é importante é a humanidade e não o que cada uma das pessoas vale em dinheiro.
Ultimamente a atitude perante a suposta (digo suposta porque em economia há formas de investimento que podem garantir o pagamento das despesas e conseguir lucros) insustentabilidade do SNS é aplicar a teoria do utilizador-pagador. Contudo, nós quando pagamos os nossos impostos já garantimos a entrada de dinheiro para este sector, o que quer dizer que esse dinheiro está a ser desviado para outras coisas que não são a saúde. Ou seja, os portugueses que são dos que mais mal ganham pagam duas vezes a saúde e muitos recorrem ao sistema privado, pagando e não usufruindo dos serviços que pagaram.
Hoje em dia os portugueses pagam 22,5% dos cuidados de saúde à cabeça, enquanto se fica pelos 10% na Holanda e na Inglaterra. Ou seja, a ideia do utilizador-pagador está a vingar. Continuo sem saber para onde vai o dinheiro que corresponde aos tais 22,5% das despesas de saúde pagos duplamente pelos portugueses, alguém sabe dizer?
3 comentários:
Acho que os nossos ministros andam a ver demasiada televisão, tipo "Serviço de Urgências" (será que ainda se chama assim?!).
O governo em vez de controlar as despesas e fiscalizar o que é feito, opta por privatizar...aos poucos, para não dar muito nas vistas.
Mas é esse sistema que os neo-liberais querem. Dizem eles que, se o dito senhor não tinha dinheiro para pagar os dois dedos, problema dele. Pagar-lhe a cirurgia com o dinheiro dos impostos é roubar quem pagou esses impostos. São eles que dizem, não estão com palavrinhas mansas.
Se os impostos não se destinarem à comunidade então não é necessário cobrá-los. O dinheiro assim poupado pelos indivíduos poderá ser usado para as suas próprias necessidades e pagar, podendo, tudo o que quiserem ou precisarem.
Chega-se à anarquia por outra via, qual sociedade primordial hobbesiana do homem lobo do homem.
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