quinta-feira, junho 14, 2007

Eugenia política

Uns poucos, mas muito activos, têm-se manifestado nos últimos anos pela implantação da monarquia em Portugal, invocando para o efeito os mais desvairados argumentos que vão desde o ter sido esse o regime que mais tempo vigorou em Portugal, até – imagine-se – à alegação de ter sido posto fim à monarquia de forma ilegal. Propõem-se assim voltar ao poder pela via legal através dum referendo.
Ora, o referendo é a forma mais clara de demonstração da vontade do povo, desde que a pergunta seja bem feita (sem demagogias). Se os monárquicos querem um referendo, faça-se. Mas não venham dizer que à República falta legitimidade por ter sido imposta pela revolução. A presente legitimidade da República Portuguesa é igual à do Reino de Portugal em 3 de Outubro de 1910. A maior parte das alterações históricas que envolveram mudança dos detentores do poder careceram de legitimidade eleitoral ou democrática e foram impostas por grupos em defesa dos seus interesses contra outros interesses.
A monarquia é, hoje, uma forma arcaica de organizar o estado. Além disso, a monarquia ao pressupor o direito de uma pessoa a um privilégio e recusando-o a todas as outras é imoral. Mil e quinhentos anos de eugenia monárquica europeia, em vez de produzir estirpes de super-homens, produziu homens vulgares que a maior parte das vezes não passavam de gente medíocre. Na monarquia a deposição do chefe incompetente deixa sempre a sensação de golpe palaciano ou revolução; na república basta esperar pelo fim do seu mandato e depois eleger outro. Na monarquia a esmagadora maioria da população sabe que jamais ascenderá à chefia do estado; na república sempre poderá sonhar com isso.

Blografia:
O Blog das Causas
Somos Portugueses
Democracia Real

1 comentário:

Vladimir disse...

sistema arcaico e ultrapassado...sem mais...belas linhas....