Quem exprime as suas opiniões não é traidor. Quantos portugueses não são adeptos da união ibérica? Isso faz pender sobre eles um processo por traição à pátria? Acho um pouco exagerada a ideia de traição aplicada nos dias de hoje. O homem (Saramago, entenda-se) está casado com uma espanhola, vive em Espanha... Portugal é aquilo que todos sabemos...
... bom ou mau, Portugal fez de Saramago aquilo que ele é, isto ao contrário de outros que tiveram de fazer toda a sua vida lá fora. E esses continuam a querer ser portugueses. Enquanto as outras nações «ibéricas» procuram livrar-se de Castela, andam por cá uns quantos Cristóvãos de Moura a venderem-se-lhe.
Mais uma vez Saramago volta a apoiar as posições do imperialismo espanhol mais intransigente e da intelectualidade de cloaca que desde Madrid anela a uniformização da península sob a bota castelhana, propósito para o qual é necessária a aniquilação das outras identidades não castelhanas da velha Ibéria.
Personagens assim são as que necessita esse imperialismo culturicida, discutido e combatido dentro das fronteiras do estado espanhol, para agitá-los como um espantalho ante os que não aceitamos a imposição dessa homogeneização forçosa; recebem essas estultícias com alegria, pois venhem a reforçar o seu discurso e, segundo eles, a deslegitimar a oposição de bascos, catalães e galegos à destruição das suas culturas e à preservação do seu Ser diferenciado.
Já não é a primeira vez que o senhor Saramago nos presenteia com estes desatinos, nos que bastante terá que ver a ideologia centralista e materialista que semelha ter sido o seu berço ideológico; acresçamos a essa ideologia a sua ignorância (injustificável) do papel histórico e actual dessa Espanha que ele admira como cárcere e cancro de povos e culturas dentro e fora dos limites peninsulares. O resultado dessa mistura não pode ser mais nefasto, por usar uma palabra castelhana, um “esperpento”, quer dizer, algo ridículo, absurdo, um discurso e umas posições lamentáveis que o fazem cúmplice das linhas de pensamento mais retrógadas e ultraimperialistas sustentadas pola caverna de Madrid. Essa caverna que amiúde faz troça e menosprezo do que é português como nos tempos passados nos que, segundo um tristemente célebre humorista, Pinto Balsemao era um senhor “con pinta de embalsamado” para riso e gargalhada de espectadores incultos.
Curiosa aliança a de Saramago com os sectores mais agressivos e intolerantes da direita espanhola. Enfim, mais uma sabujice e um lambido de botas face a essa “España y lo español” cujos sonhos (pesadelos para nós) passam nem só por apagar as outras identidades existentes no estado espanhol senão também pola anexação de um estado, o de Portugal, que para ela não tem direito a existir, sendo só o produto de um erro e de uma traição históricas que algum dia deverão ser corrigidos. E uma infámia e uma cuspidela para com aqueles que, ontem e hoje, tomamos a opção pola defesa dessas identidades étnicas, lingüísticas e culturais contra os delírios doentios do centralismo espanhol."
poderia ter-se chamado República das Bananas, Ad Nausea, Ilha dos Ladrões, Cortar a Direito... Não fôra alguns destes nomes estarem tomados e outros não parecerem suficientemente atractivos um deles poderia ter calhado, mas a intenção é a mesma: ser mais um a proclamar urbi et orbi quão magníficos somos.
3 comentários:
Quem exprime as suas opiniões não é traidor. Quantos portugueses não são adeptos da união ibérica? Isso faz pender sobre eles um processo por traição à pátria? Acho um pouco exagerada a ideia de traição aplicada nos dias de hoje. O homem (Saramago, entenda-se) está casado com uma espanhola, vive em Espanha... Portugal é aquilo que todos sabemos...
... bom ou mau, Portugal fez de Saramago aquilo que ele é, isto ao contrário de outros que tiveram de fazer toda a sua vida lá fora. E esses continuam a querer ser portugueses.
Enquanto as outras nações «ibéricas» procuram livrar-se de Castela, andam por cá uns quantos Cristóvãos de Moura a venderem-se-lhe.
"Saramago ou a bolorência intelectual
Mais uma vez Saramago volta a apoiar as posições do imperialismo espanhol mais intransigente e da intelectualidade de cloaca que desde Madrid anela a uniformização da península sob a bota castelhana, propósito para o qual é necessária a aniquilação das outras identidades não castelhanas da velha Ibéria.
Personagens assim são as que necessita esse imperialismo culturicida, discutido e combatido dentro das fronteiras do estado espanhol, para agitá-los como um espantalho ante os que não aceitamos a imposição dessa homogeneização forçosa; recebem essas estultícias com alegria, pois venhem a reforçar o seu discurso e, segundo eles, a deslegitimar a oposição de bascos, catalães e galegos à destruição das suas culturas e à preservação do seu Ser diferenciado.
Já não é a primeira vez que o senhor Saramago nos presenteia com estes desatinos, nos que bastante terá que ver a ideologia centralista e materialista que semelha ter sido o seu berço ideológico; acresçamos a essa ideologia a sua ignorância (injustificável) do papel histórico e actual dessa Espanha que ele admira como cárcere e cancro de povos e culturas dentro e fora dos limites peninsulares. O resultado dessa mistura não pode ser mais nefasto, por usar uma palabra castelhana, um “esperpento”, quer dizer, algo ridículo, absurdo, um discurso e umas posições lamentáveis que o fazem cúmplice das linhas de pensamento mais retrógadas e ultraimperialistas sustentadas pola caverna de Madrid. Essa caverna que amiúde faz troça e menosprezo do que é português como nos tempos passados nos que, segundo um tristemente célebre humorista, Pinto Balsemao era um senhor “con pinta de embalsamado” para riso e gargalhada de espectadores incultos.
Curiosa aliança a de Saramago com os sectores mais agressivos e intolerantes da direita espanhola. Enfim, mais uma sabujice e um lambido de botas face a essa “España y lo español” cujos sonhos (pesadelos para nós) passam nem só por apagar as outras identidades existentes no estado espanhol senão também pola anexação de um estado, o de Portugal, que para ela não tem direito a existir, sendo só o produto de um erro e de uma traição históricas que algum dia deverão ser corrigidos. E uma infámia e uma cuspidela para com aqueles que, ontem e hoje, tomamos a opção pola defesa dessas identidades étnicas, lingüísticas e culturais contra os delírios doentios do centralismo espanhol."
Bieito Seivane - Galiza
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