Estou a deliciar-me com a leitura de uma obra recentemente adquirida e intitulada o Culto da Arte em Portugal.
Originalmente publicada em 1896, teve uma reimpressão, não datada, próxima da morte do autor (1915). Recentemente foi editada pela Editora Esfera do Caos. Uma boa leitura a fazer lembrar que a Arte de Roubar não é só de agora...
Saída da pena de Ramalho Ortigão e com um cheirinho a "Farpas", faz uma análise crítica do panorama cultural do Portugal de finais do século XIX. Dirigida pelo autor à Comissão dos Monumentos Nacionais, traça um retrato, nada abonatório dos monumentos portugueses, dos restauros a que são sujeitos, da anarquia estética e da decadência cultural em geral. Não fosse a data de publicação quase diríamos que tinha saído do prelo recentemente, tal é a actualidade da mesma.
Escreve Ramalho Ortigão:
"A autoridade, incerta, vagamente definida, a quem tem sido confiada a conservação e a guarda da nossa arquitectura monumental, procede com esse enfermo, de quem se incumbiu de ser o enfermeiro, por dois métodos diferentes: umas vezes deixa-o morrer; outras vezes, para que ele mesmo não tome essa resolução lamentável, assassina-o."
E ainda...
"A decapitação oficial da nossa educação artística manifesta-se ainda de mais perto, acotovelando-nos e contundindo-nos por toda a parte, no aspecto do povo, na estética das cidades, na aparência dos prédios, na decoração das praças, das avenidas, dos cemitérios, dos jardins públicos..."
Originalmente publicada em 1896, teve uma reimpressão, não datada, próxima da morte do autor (1915). Recentemente foi editada pela Editora Esfera do Caos. Uma boa leitura a fazer lembrar que a Arte de Roubar não é só de agora...
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