domingo, abril 05, 2009

Um país a saque


Os terrenos que foram libertados pela Expo 98 são o local de romagem dos pobres e dos remediados ao fim-de-semana, mas é também, e cada vez mais, o local de eleição dos novos-ricos para morarem.
Nesse local, as gentes da Rinchoa, Patameiras ou Apelação tinham a oportunidade de encontrar um espaço algo aprazível, aberto, arborizado, limpo e com vista para o rio. Aí, por umas horas, esquecem as sarjetas suburbanas em que o nosso poder central e local insistem em transformar os locais de residência da plebe.
Tinham, pois cada vez mais, não têm. O único sector económico verdadeiramente rentável deste país - o do betão e de tudo o que com ele se faz - encarregou-se de, paulatinamente, converter cada centímetro quadrado daqueles terrenos públicos em jóias de ostentação que disfarçam a miséria cada vez maior em que nos atolamos.
Este espaço de usufruto comum está a ser convertido para a posse exclusiva de uns poucos e onde, certamente, os suburbanos de Loures, Odivelas, Amadora e Sintra não serão bem-vindos.
Perante este espectáculo de usurpação, só me pergunto quem autorizou a construção dentro do rio para lhe perguntar se eu plebeu, pobre e sem padrinhos posso fazer o mesmo?

1 comentário:

Robin do mato disse...

Deixa-os juntarem-se, metralhinha...
Assim é mais fácil roubá-los!