No Blasfémias existe um senhor chamado Pedro Arroja que difunde ideias peculiares acerca do relacionamento entre homens e mulheres e sobre o casamento que fazem parte dum sistema social que já não existe, se é que alguma vez existiu. Segundo o dito senhor existe um casamento católico e um casamento “protestante”. Ele, como não podia deixar, de ser defende a sua dama, mas não deixa de ter uma visão redutora da realidade.
Geralmente as pessoas tendem a considerar o “seu mundo” como o Mundo em si, no entanto cada vez mais existe comunicação entre vários sistemas sociais, várias realidades que coexistem no mesmo espaço e com mentalidades completamente diferentes.
No mundo ocidental é comum as pessoas pensarem a família conjugal substanciada na união dum homem e duma mulher coabitantes da mesma casa e cuja função seria a procriação. Os herdeiros e descendentes receberiam o nome familiar do homem que é quem detém a autoridade, masculina por definição.
De acordo com esta visão etnocêntrica, todos os modelos familiares diferentes do enunciado são catalogados como pertencentes a um mundo selvagem, arcaico, imoral e aberrações da norma. O que é “natural” é um pai, uma mãe e filhos que vivem numa casa. De acordo com Pedro Arroja cada um tem a sua função e autoridades diversas: o pai manda na mãe e nos filhos e a mãe tem autoridade pelo facto de o ser. Perceberam? Eu também não, mas se calhar falta-me um qualquer neurónio essencial.
Mas, voltando à família e ao casamento, e para ser o mais exacto possível, a família é algo de abstracto que pode tomar várias formas:
Na Índia as mulheres dos soldados, casadas, tinham os homens que desejavam pertencendo os seus filhos à linhagem materna, os bens eram geridos pelos homens da linhagem materna e os campos trabalhados por homens de casta inferior. Nos diversos casos de sociedades matrilineares a residência da família depende dos locais, em determinados casos são os homens que vão viver com as esposas e vice-versa. Na Costa do Marfim cada um dos cônjuges fica na casa de família e à noite o homem vai visitar uma das suas mulheres.
No Brasil certos índios podem casar com várias mulheres e os filhos são educados pelas diversas esposas mesmo inférteis.
Em África grupos de sudaneses e nigerianos possuem casamentos legais entre mulheres, uma comerciante rica pode casar com várias raparigas que se podem ligar a quem quiserem, os seus filhos pertencem à dita negociante. Os Navajo e Zuni possuem casamentos entre homens com repartição de tarefas.
Mas são os Nuer quem vai mais longe: a família é composta por um falecido, uma mulher e um marido substituto que geram os filhos mas que ficam com o nome do morto e continuam a sua descendência. Deste modo um homem pode casar em nome de vários parentes falecidos e os seus filhos biológicos fazem parte das genealogias dos falecidos.
No Tibete o filho mais velho casa com uma mulher e esta casa sucessivamente todos os anos com um dos irmãos do primeiro. Os filhos ficam com o nome do irmão mais velho e são-lhe atribuídos. A propriedade é gerida pela mulher e é herdada por todos os filhos
O que se pensa ser natural não existe nos modelos referenciados. A única coisa natural foi a relação física, a gestação, o parto e o aleitamento, porque hoje a primeira pode ser substituída pela inseminação artificial (ou divina – já se creu), o parto pode ser induzido e o aleitamento pode ser artificial. Falta a gestação artificial, à la Huxley. Tudo o resto é construído culturalmente, quer seja ou não com marcas religiosas.
Qual é o modelo mais “normal”?
Geralmente as pessoas tendem a considerar o “seu mundo” como o Mundo em si, no entanto cada vez mais existe comunicação entre vários sistemas sociais, várias realidades que coexistem no mesmo espaço e com mentalidades completamente diferentes.
No mundo ocidental é comum as pessoas pensarem a família conjugal substanciada na união dum homem e duma mulher coabitantes da mesma casa e cuja função seria a procriação. Os herdeiros e descendentes receberiam o nome familiar do homem que é quem detém a autoridade, masculina por definição.
De acordo com esta visão etnocêntrica, todos os modelos familiares diferentes do enunciado são catalogados como pertencentes a um mundo selvagem, arcaico, imoral e aberrações da norma. O que é “natural” é um pai, uma mãe e filhos que vivem numa casa. De acordo com Pedro Arroja cada um tem a sua função e autoridades diversas: o pai manda na mãe e nos filhos e a mãe tem autoridade pelo facto de o ser. Perceberam? Eu também não, mas se calhar falta-me um qualquer neurónio essencial.
Mas, voltando à família e ao casamento, e para ser o mais exacto possível, a família é algo de abstracto que pode tomar várias formas:
Na Índia as mulheres dos soldados, casadas, tinham os homens que desejavam pertencendo os seus filhos à linhagem materna, os bens eram geridos pelos homens da linhagem materna e os campos trabalhados por homens de casta inferior. Nos diversos casos de sociedades matrilineares a residência da família depende dos locais, em determinados casos são os homens que vão viver com as esposas e vice-versa. Na Costa do Marfim cada um dos cônjuges fica na casa de família e à noite o homem vai visitar uma das suas mulheres.
No Brasil certos índios podem casar com várias mulheres e os filhos são educados pelas diversas esposas mesmo inférteis.
Em África grupos de sudaneses e nigerianos possuem casamentos legais entre mulheres, uma comerciante rica pode casar com várias raparigas que se podem ligar a quem quiserem, os seus filhos pertencem à dita negociante. Os Navajo e Zuni possuem casamentos entre homens com repartição de tarefas.
Mas são os Nuer quem vai mais longe: a família é composta por um falecido, uma mulher e um marido substituto que geram os filhos mas que ficam com o nome do morto e continuam a sua descendência. Deste modo um homem pode casar em nome de vários parentes falecidos e os seus filhos biológicos fazem parte das genealogias dos falecidos.
No Tibete o filho mais velho casa com uma mulher e esta casa sucessivamente todos os anos com um dos irmãos do primeiro. Os filhos ficam com o nome do irmão mais velho e são-lhe atribuídos. A propriedade é gerida pela mulher e é herdada por todos os filhos
O que se pensa ser natural não existe nos modelos referenciados. A única coisa natural foi a relação física, a gestação, o parto e o aleitamento, porque hoje a primeira pode ser substituída pela inseminação artificial (ou divina – já se creu), o parto pode ser induzido e o aleitamento pode ser artificial. Falta a gestação artificial, à la Huxley. Tudo o resto é construído culturalmente, quer seja ou não com marcas religiosas.
Qual é o modelo mais “normal”?
2 comentários:
Refere François Chateaubriand que “não somos nada, sem felicidade”.
Qual é a sua opinião sobre este tema?
E o túlio voltou....
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