quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Catástrofes

As enxurradas que afectaram a região de Lisboa e de Setúbal são um fenómeno natural frequente e com tendência a aumentar, segundo os especialistas que se têm ocupado com o Aquecimento Global.
Os danos causados e sobretudo as três, possivelmente quatro, mortes é algo que um país moderno não pode admitir, ainda mais a intempérie não foi nada de especialmente grande – convém lembrar que a precipitação não foi maior da que é normal nas regiões tropicais ou subtropicais sujeitas a monções húmidas.
A irritação manifestada pelo Flávio aqui em baixo é compreensível à luz destes factos e da bandalheira em que o nosso país se tornou em termos urbanísticos e organizacionais.
Isto leva a outra tragédia anunciada.
Um estudo agora divulgado – ainda na versão preliminar – alerta para a possibilidade de ocorrerem 3.000 mortos e 27.000 desalojados só no Algarve se um sismo como o de 1755 ocorrer presentemente. Este estudo já vem tarde, pois há muito que deveria existir. Agora, com base nele, as autoridades de protecção civil poderão elaborar os devidos planos de contingência para quando esse fenómeno natural ocorrer – e isso é uma certeza: um grande sismo ocorrerá mais dia, menos dia.
Fica-se agora à espera que um estudo semelhante seja feito (ou concluído) para o restante país e mais ainda se esperará para saber quais os planos de actuação em emergência nas duas ou três semanas seguintes à catástrofe, já que esse é o tempo que a ajuda internacional leva para começar a surtir algum efeito mitigador na desgraça das populações afectadas.
Lisboa está degradada e ao abandono; grande parte da cidade ruiria com um sismo como o de 1755. Mas os subúrbios, feitos sabe-se lá como, ficariam bem pior. Um sismo de tal magnitude, a ocorrer de madrugada, causará na Grande Lisboa uma mortandade inimaginável e ninguém – a começar pelas autoridades – sabe o que fazer em tal circunstância.
É o nosso fado.
Alguém já ouviu falar em planos de contingência? Alguém já ponderou o impacto sobre os meios que deverão actuar logo após o acontecimento? Sobreviverão hospitais, quartéis de bombeiros, unidades militares e policiais? Em que estado ficarão as redes eléctrica, de água, gás? E as comunicações? Haverá meios humanos e mecânicos disponíveis e capazes de actuar rápida e eficazmente?
Ou resumir-se-á a protecção cívil ao armazenar de sacos para cadáveres?

1 comentário:

Sónia disse...

Um alerta arrepiante, é assustador ...Infelizmente não tenho respostas...