segunda-feira, janeiro 28, 2008

Em memória do Holocausto


Numa altura em que o debate sobre a colocação duma simples oliveira em Lisboa foi adiado sine die, porque seria em memória do massacre de milhares de cristãos-novos em 1506 e porque pretendia afirmar o valor da tolerância. Quero lembrar aqui o holocausto e o monumento que lhe foi erigido na Alemanha.
Os portugueses ainda não convivem bem com o passado e só quando se assumem os erros se pode ir em frente, nisto temos que aprender com os alemães.


Adenda (31/1/2008)

Afinal a petição e as cartas de todo o mundo surtiram efeito.
A 30 de Janeiro foi aprovada pelo executivo da Câmara Municipal de Lisboa, por unanimidade, a proposta 423/2007, de edificação dum Memorial às Vítimas de Intolerância evocativo do massacre de 1506. Este memorial foi negociado entre as comunidades católica e judaica e situar-se-á no Largo de S. Domingos onde há quinhentos anos se queimaram vivos vários cristãos-novos, a esmagadora maioria deles tinha sido baptizada à força em 1497 e depois dos filhos lhes terem sido retirados para serem criados por famílias cristãs.
A ideia da oliveira foi ultrapassada, deste modo, decidiu-se por um mural evocativo das vítimas da intolerância a cargo da CML que também se encarregará do arranjo da área envolvente. Ambas as comunidades religiosas contribuem com elementos escultóricos.
A inauguração terá lugar a 19 de Abril deste ano numa cerimónia que reunirá todas as comunidades étnicas e religiosas.

A descrição dos acontecimentos de 1506 pode ser encontrada em Samuel Usque, Consolação às Tribulações de Israel, Ferrara, 1553. Editada em fac-simile pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1989.

8 comentários:

Sónia disse...

Eu chamaria a isto a arte de roubar a memória comum...

Flávio Josefo disse...

Crystal, o que quer dizer com isso?

Sónia disse...

Olá outra vez

Nada tem de enigmático o meu comentário, apenas quis referir, fazendo uma alusão ao nome do blog, que existem muitos entraves politicos e não só para que as coisas más como o holocauto não sejam lembradas.

é sempre mais comodo fazer de conta que vivemos num mundo perfeito.Espero ter sido um pouco mais clara agora :)

Beijinho e obrigada pela visita

pat disse...

Às vezes seria bom esquecer... a ignorância por vezes é uma benção!

No entanto, a memória evita cometer o mesmo erro... perdemos a inocência mas ficamos mais sábios.

Oliva verde disse...

Faz parte do processo de crescimento de um Povo saber reconhecer os erros do passado e, sobretudo, lembrá-los para que não se repitam. Ainda temos muito que crescer!

Pela qualidade do trabalho que produzem decidi escolher-vos para a atribuição de um prémio que me entregaram! Passem pelo meu espaço. Estou à vossa espera!

Luna disse...

Vim através da oliva verde

Existem erros, que não os querem assumir,
É mais fácil, calarem-se pensão
Que assim o povo esquece

Beijinhos
luna

Flávio Josefo disse...

Obrigado pela vossa visita.
Oliva Verde obrigado pelo prémio em nome do Arte de Roubar. Ainda não tive tempo de agradecer convenientemente e nomear outros blogues, logo o farei.

MARIA disse...

Assim fica demonstrado que ao homem é mais fácil erguer muros do que fazer crescer uma árvore. Talvez porque a árvore tendencialmente cresça em direcção ao céu ...