segunda-feira, janeiro 23, 2006

Eleições, o rescaldo (2)

Acabou ontem o processo eleitoral mais soporífico de sempre com o resultado que se esperava há bem mais dum ano.
O Professor ganhou, logo mereceu (afinal de contas o cargo é o prémio de carreira de qualquer político); o povo também o merece, pois lá o colocou (agora aguente-se!)
Quanto a isto não há mais discussão.
A campanha eleitoral, por seu lado, pode servir de lição aos aprendizes da arte da politiquice e futuros fazedores de politiqueiros: foi duma pobreza confrangedora.
Os derrotados (auto-intitulados de esquerda) agitaram fantasmas como os instrumentos usados no passado pela designada (pela auto-intitulada esquerda) direita.
— Cuidado que se o Professor ganha é o fim do Mundo!
Dantes gritava-se:
— Cuidado com os Cumunas! — e poucos tremiam.
Agora clama-se:
— Cuidado com a Direita! — e a gente ri-se.
Como os eleitores são maiores de 18 anos e já não acreditam em Papões, vai de tal alerta de perigo cair em saco roto. Os consultores dos derrotados deviam saber que os adultos são atraídos pelo canto da sereia e não temem o Lobo Mau.
Os eleitores queriam uma sereia que os encantasse; em vez disso só lhe saíram duques e um bobo.
E assim ganhou o duque de trunfo – o mal menor.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Má-fé na TVCabo e LisboaGás

Actualmente é prática comum das grandes empresas de serviços recorrem a técnicas de venda agressivas e pouco limpas como o não fornecimento de toda a informação relevante para a subscrição dum contrato, mesmo quando essa informação é directamente pedida pelo futuro cliente.
Os mais atentos já conheciam as técnicas agressivas praticadas nas economias mais liberais como a americana: quem nunca ouviu falar da Amway ou da Rainbow? Em Portugal os vendedores de time sharing foram (e continuam a ser) uma praga, estabelecendo o padrão de comportamento (indigno) para muitos outros sectores de vendas de produtos e serviços.
A TV Cabo e a LisboaGás são as últimas estrelas das técnicas de enganar incautos. A primeira, mais preocupada que estava em arrasar as outras empresas que ficaram com pedaços do território nacional potencialmente menos lucrativos e por isso não querendo ou não podendo investir na rede de cabo fora das grandes aglomerações urbanas, vendeu por todo o país o seu serviço de difusão por satélite. Nada de mais neste mundo onde o que vale é arrasar com os outros desde que se traga valor acrescentado aos seus próprios accionistas. Estes problemas não interessam ao consumidor, desde que seja servido ou até ao momento em que é enganado. A TV Cabo vendeu a muita gente o referido serviço de difusão por satélite em áreas que deveria cobrir pela rede de cabo a pretexto de não estar previsto a instalação dessa rede nos anos mais próximos. Só que, um ano, pouco mais ou menos, depois de vender as parabólicas aos crédulos que andou a aliciar, começa a instalar a rede de cabo e a pressionar esses mesmos incautos para adquirirem esse serviço, dourando-o para isso com mais uns bónus ou com o serviço de Internet de banda larga (que afinal é tão lenta como a banda estreita). Em resumo, quem gastou nas parabólicas foi despudoradamente enganado pela TV Cabo.

A LisboaGás, recebendo quase certamente subsídios estatais e da UE para a instalação da rede de gás, alicia inúmeras pessoas para gastarem a sua parte e adquirirem esse novo e cómodo serviço – além de ser mais ecológico. Esburaca ruas, prédios, apartamentos; dá emprego a inúmeros brasileiros, ucranianos e outros eslavos nessas obras – obviamente desde que esses trabalhadores usem as suas próprias ferramentas e muitos nem sabem distinguir cobre de alumínio, mas não faz mal, logo aprendem.
Instalado o gás e recebidos os subsídios e pagamentos dos consumidores referentes à instalação, modificados os queimadores, conclui a sábia empresa que os prédios não têm condições de ventilação para usarem gás e vá de cortá-lo, de preferência na véspera de Natal!
– Putin não se lembraria de melhor – dirão uns.
– Ah, é verdade, o Natal ortodoxo é só em Janeiro!
Os trapaceiros da LisboaGás nem se dão ao trabalho de verificar previamente se os prédios têm condições para instalar o seu gás. Cortam-no a posteriori, como se antes de o instalarem não existisse falta de condições e as pessoas não usassem outros gases, por ventura mais nefastos. E como se não bastasse tudo isso, os broncos da LisboaGás têm o descaramento de propor a instalação de aquecimento a gás a quem tem o gás cortado.

Não estamos perante empresas, nem de empresários. Estamos perante baiucas, encabeçadas por tasqueiros e servidas por lorpas... e depois admiram-se que a emigração continue a crescer.