sábado, novembro 21, 2009

Corre entre o pessoal da PSP


Todos correm riscos menos os Patrulheiros!


No nosso novo estatuto o Decreto Lei 299/2009, no Art. 103, n.º 1, determina que o suplemento especial de serviço seja atribuído ao pessoal com os cursos de especialização adequados ao exercício de funções em posto de trabalho em condições mais exigentes de penosidade, insalubridade e desgaste físico agravado…

À luz desta definição “trabalho em condições mais exigentes de penosidade, insalubridade e desgaste físico agravado”, pus-me cá a pensar em que condições os diversos serviços da PSP laboram.
E aqui vão os pensamentos de um simples Patrulheiro:

DIC:
Passar o dia sentado no gabinete em frente ao computador a ouvir testemunhas das 09:00 às 17:00
Aparecer nas ocorrências mediáticas, depois do Patrulheiro as resolver, e ficar com o serviço, para a comunicação social dizer que foi a Investigação Criminal que resolveu o caso.

Contacto com o cidadão: Bastante, mas apenas no interior da Esquadra.

Riscos: Cair do sofá á noite enquanto dorme.
Problemas nos pulsos, derivados da utilização excessiva do computador.
Risco de despiste, por falta de visão devido aos cabelos compridos.
Perder a farda ou correr o risco da mesma já não lhe servir por não a vestir há vários anos.
Ter que andar sempre a especificar que é da Inv. Criminal, para não ser confundido com um Patrulheiro da PSP, mas sim com a PJ.
Fazer uma rusga no bairro sem dizer nada a ninguém, fugir para a EIC e deixar que o Carro de Patrulha que passou a seguir no bairro, sem ter conhecimento de nada, fosse apedrejado por retaliação.

Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsídio = € 149,33

CI:
Patrulhar as praias no Verão e a zonas comerciais no Natal.
Policiamento nos Estádios.
Incursões esporádicas nos bairros só para mostrar a carrinha.

Contacto com o cidadão: médio, e apenas à distância do bastão.

Riscos: Lesões a jogar futebol ou a puxar ferro.
Fazer uma carga no meio do bairro, retirar para o quartel da Ajuda, e deixar que os Patrulheiros da esquadra do bairro sofressem as retaliações.

Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsidio = € 283,80

Cinotecnia:
Dar de comer ao cão.
Lavar o canil à mangueirada.
Passar a tarde a brincar (treinar) com o cão.
Fazer demonstrações nas escolas e nas paradas militares (policiais).

Contacto com o cidadão: reduzido e apenas à distância, durante as demonstrações.

Riscos: Apanhar pulgas.
Ser infectado com a raiva.
Chegar a casa a cheirar a cão.
Perder o brinquedo favorito do animal.
Deixar que o cão morda um Patrulheiro durante um policiamento desportivo.

Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsídio = €283,80

CIEXSS:
Brincar com o robot telecomandado no valor de vários milhares de euros, que faz o trabalho todo à distância.
Fazer demonstrações nas escolas e nas paradas militares (policiais).

Contacto com o cidadão: reduzido e apenas à distância durante as demonstrações.

Riscos: Atropelar um menino com o robot telecomandado durante uma demonstração na escola
Estragar o robot telecomandado.
Ferir um Patrulheiro no curso das Técnicas de interv. Pol. e Tiro, porque andou a montar armadilhas e “bombinhas” para assustar e em vez de tomar atenção ao que fazia estava com pressa de se esconder para se rir da figura dos outros.

Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsídio = €303,02

CSP:
Conduzir o VIP e a família ao trabalho e aos passeios de domingo.
Passar a noite nos mesmos hotéis 5 estrelas onde o VIP se aloja.
Pedir que os patrulheiros da esquadra da área tomem conta do carro e do hotel onde vai dormir.

Contacto com o cidadão: só com os VIPs.

Riscos: Já não saber da farda e correr o risco da mesma já não lhe servir por não a vestir há vários anos.
Alguém reparar que o fato “Calvin Klein” afinal é da Kalvim Clen
Esquecer-se dos óculos escuros em casa.
Ir para a night com o Santana Lopes e ter que ser ele a trazer o carro.
Passar a noite a dormir no quarto de hotel e nem se aperceber que o Patrulheiro que ficou na rua de posto fixo, evitou sozinho, juntamente com os acarta malas do hotel, que os manifestantes invadissem o hotel, até chegar apoio.

Veredicto do Estado: condições de trabalho muito penosas, subsídio = €331,53

Patrulheiros:
Policiamento apeado e postos fixos ao frio e à chuva.
Circular nos carros de Patrulha e deslocar-se sempre a toda e qualquer chamada seja ela qual for.

Contacto com o cidadão: sempre.

Riscos: Efectuar serviço, regularmente sozinho, ou em patrulha dobrada.
Meter-se no meio das desordens.
Sofrer emboscadas.
Fardamento de alta visibilidade para ser mais fácil escolher o alvo a abater.
Sofrer todo o tipo de retaliações.

Veredicto do estado: condições de trabalho sem qualquer tipo de penosidade, insalubridade ou desgaste físico agravado?! Subsídio= €0

O que dirão os amigos e familiares dos nossos malogrados colegas, Felisberto Silva, assassinado em 04/02/2002 na Avenida D. João V na Damaia, Irineu Dinis, de 33 anos assassinado em 17/02/2005 na Cova da Moura, António Abrantes de 29 anos e Paulo Alves de 23 assassinados em 20/02/2005 no bairro de Santa Filomena na Amadora e o Chefe Sérgio Martins, de 49 anos assassinado em 11/12/2005 em Lagos.
Ou ainda mais recentemente e felizmente com um desfecho mais favorável, os nossos colegas Sérgio Sousa e Joaquim Batista alvejados em 05/07/2009, no bairro de Santa Filomena, na Amadora.

Será que isto não são condições de trabalho, em condições exigentes de penosidade, insalubridade e desgaste físico agravado…
Então o Patrulheiro, que é quem leva com a MERDA toda, não se enquadra nesta definição?!
Eu não quero com isto, dizer que só a patrulha é que merece ou que só a patrulha é que trabalha, mas daí até nos deixarem completamente de fora, isto é um insulto aos milhares de Polícias da Patrulha que todos os dias, trabalham nas condições que todos sabemos...
Quando o cidadão, que precisa de ajuda, liga para o 112, que Policias lá vão? Já era altura de nos darem valor.


Isto é uma obra de ficção e sátira, qualquer correspondência com casos e pessoas da vida real é pura coincidência.

6 comentários:

Anónimo disse...

A grande massa anónima, os que saem à rua e fazem as revoluções e por elas morrem, os polícias de que fala e os que morrem pela pobreza não fazem lista, meu caro. Só os dos fatos bonitos e os que comandam é que saem na foto. Alguma surpresa?

APC disse...

Estagiava na PSP quando se deram os casos da Cova da Moura e de Santa Filomena. Acompanhei de perto a consternação de alguns colegas e todo o clima que se gerou. Sei dessa revolta que existe, não apenas quanto ao que é focado neste post, mas no que de mais concerne à segurança dos agentes, ao reconhecimento que lhes falta, ao apoio por parte dos seus superiores e tantos etecéteras que causa desilusão a quem quis ser polícia, quando não causa mesmo desespero e/ou doença.

Deixo estas poucas palavras como sinal de respeito e apreço.

Anónimo disse...

Boas estava eu a pesquisar na net a palavra roubar encontrei este BLOG. Faço 100% das palavras escritas, refere o estado da Policia em geral. Conheço polícias só de nome, mas de polícias nada tem.
No dia 21 de cada mes recebem menos 15 euros que os patrulheiros, não fazem domingos, turno das 01 as 07 , feriados, Natal, Ano Novo, vêem uma vez por mês à rua para ganhar os subsídios, inventam nomes pomposos para que tenham direito ao subsídios, 90% fogem de andar na rua não estão para aturar bêbados, toxicodependentes, conflitos entre marido e mulher, aturar o cidadão em geral, não querem apanhar frio no inverno o calor no verão.
O patrulheiro é atribuído o estatuto de ignorantes não sabes fazer nada ficas na patrulha, os inteligentes vão para o ar condicionado, gabam-se se da sua inteligência, são escolhidos por terem padrinhos ou por contar tudo ao chefe.
Fico por aqui muitos mais para dizer……

Anónimo disse...

http://www.blogger.com/delete-comment.g?blogID=BIG_NUMBER&postID=1287230521601#c2642065025709801732

Anónimo disse...

teste

Anónimo disse...

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