domingo, setembro 30, 2007
sábado, setembro 29, 2007
sexta-feira, setembro 28, 2007
Pelo fim do directo da treta
Aplaudo a iniciativa embora ache que vai dar em nada porque aquela gente ainda não descobriu que a grande maioria dos potenciais espectadores anda por outras paragens que não os deles.
Pela minha parte, sempre que consigo deitar mão ao telecomando, é zapping até fartar assim que iniciam um dos seus intragáveis directos, acabando frequentemente a ver a BBC, a CNN ou até mesmo a Sky News ou a Al Jazeera. Tudo menos os noticiários portugueses.
Imaginem um livro de História onde em vez dos factos e das explicações necessárias à compreensão dum dado assunto estivesse tudo o que o historiador leu nas bibliotecas – era um historiador incompetente, não era?
Imagine-se agora que um advogado chega a tribunal e despeja em cima da bancada do juiz tudo o que de relevante e irrelevante tem sobre um processo – qualquer magistrado sentenciava de imediato a favor da outra parte, não era?
E o que faria o director de informação de qualquer um destes canais portugueses se fosse ao médico e este lhe atirasse para o colo com o simpósio terapêutico e lhe dissesse, «o seu padecimento está descrito algures entre a página 10 e a 1500. Procure-o!» – levaria, na volta, com o calhamaço nos cornos, não é?
Pois é o que a mim me apetece fazer sempre apanho com um directo irrelevante no meio dum noticiário.
Pago através da publicidade que me impigem e através das taxas e das rendas que me extorquem os serviços noticiosos das televisões portuguesas. Pago assim aos jornalistas para tratarem a informação diária de acordo com os bons critérios ensinados nas universidades, nos livros e aprendidos na boa prática da profissão. Não sou uma besta na manjedoura a comer a palha que incompetentes me atiram.
Não quero ser bombardeado a toda a hora com o jogo que vai acontecer. É ridículo, é atroz, ver um chouriço a dizer que acabou de chegar o autocarro da equipa de Alguidares-de-Cima ou que o Bushilson foi sujeito a uma sondagem rectal e por isso está em dúvida para o jogo dali a nove semanas e meia. Às vezes nem quero saber os resultados dos jogos, mas é quanto basta num noticiário feito por gente inteligente que respeita o seu público.
Também não tenho pachorra para ver em directo às 20 horas as conferências de imprensa que todos os palermas e associações de malfeitores organizam para evacuarem o ar podre onde medram.
Tenho também muita vergonha – e não sou eu que estou a fazer o papel de triste – pelos jornalistas que estando a falar um orador, se põem a dizer inanidades sobre o que o dito está a dizer enquanto fala; ou então dos que o não o interpelam sobre o que disse ou deixou de dizer, não fazendo as perguntas que deveriam ser feitas e que toda a gente está a fazer em casa.
Desgosta-me sobremaneira o servilismo dos jornalistas quando dão tempo de antena a um qualquer basbaque, mesmo que ministro ou dirigente partidário, sem que isso seja sujeito previamente a uma edição que dê ao espectador o relevante – e se nada houver não é notícia.
Acabando com os directos da treta e passando só o que de importante houver, acabariam as conferências de imprensa e os comunicados à hora do jantar; acabaria o tempo de antena gratuito e, quem sabe, sem bocas foleiras até o clima político melhorasse.
quinta-feira, setembro 27, 2007
Mentir é pecado
Mozambique's Roman Catholic archbishop has accused European condom manufacturers of deliberately infecting their products with HIV "in order to finish quickly the African people".
Excelência,
Se tem provas do que afirma é sua obrigação de cidadão e de pessoa apresentá-las às autoridades competentes.
Se não tem, cale-se.
Se não é verdade, então está a mentir e isso é pecado!
Dois Pai Nossos e duas Ave-Marias, já!
E não volte a pecar…
Adenda:
Parece que afinal já emendou a mão, mas que disse, disse!
quarta-feira, setembro 26, 2007
Prémio Visitante - interpolado
Grato pela lembrança, retribuo aos ditos e acrescento outros agora (5-10-2007):
Calimera, Espectadora Atenta, Pat, Sofia Bochmann, Paulo Sempre, Blogador, Vladimir da Lapa.
Se algum dos comentadores frequentes ficou esquecido não foi por mal e avise-me discretamente.
A judeo-fobia e os neo-nazis
Neste quadro de crise em Portugal ressurgem movimentos minoritários, é certo, mas que conseguem provocar alguma perturbação. Desta vez nem os mortos puderam escapar pois as suas lápides foram vandalizadas com cruzes suásticas (ver aqui, aqui e aqui). Aparentemente, uns jovens que se dizem de extrema-direita foram presos, mas a sua intenção em afirmar a “supremacia da raça branca” face a “raças infectas” (seja lá o que isso for) é o que sobressai.
Os princípios neo-nazis são a defesa da “pureza da raça” mas, ainda estou à espera que alguém me explique o que é isso de raça. Este termo faz-me lembrar o pedigree dos cães, bois, cavalos e outros animais afins que de tanto serem apurados começam a ficar com fragilidades físicas e mentais. Para além disso está-se em Portugal cujo povo se caracteriza pela... miscigenação. Portanto, falar em raça só pode dar azo a umas boas gargalhadas.
Segundo estudos genéticos os portugueses são dos povos com maior percentagem de sangue africano comparado com outros povos europeus. A actual população portuguesa sofreu ao longo de milhares de anos a esta parte um processo de assimilação de povos de origens diversas. O sangue de cada um dos portugueses de hoje contém percentagens de sangue de várias áreas de África (seja berbere e/ou semita ou mesmo de negros), de povos indo-europeus, de eslavos, de tribos e povos autóctones (e até estes vieram de algum lado) ou que migraram das mais recônditas zonas do planeta. Os muçulmanos estiveram na Península durante séculos, tal como os judeus, sendo altíssima a possibilidade de cada um de nós ter sangue dum ou de ambos.
Por conseguinte, os mentecaptos dos neo-nazis portugueses que proclamam a “pureza da raça”, tal como Hitler o fez, vivendo no regime nazi seriam os primeiros a encabeçar as fileiras daqueles a quem o trabalho liberta (Arbeit macht frei). É que com a tecnologia de hoje facilmente se descobririam os traços de sangue arraçado dos himmlerzinhos portugueses, que para além do mais são um bocadinho escuros de pele para se compararem aos lindos moçoilos e moçoilas da “raça ariana”, a raça XPTO e topo de gama.
Uma parábola contemporânea
Mulher agride arrumador com bastão metálico.
Cena de pancadaria teve lugar em plena Avenida da Liberdade.
Uma mulher, armada com um bastão extensível metálico, deu uma ‘coça’ a um arrumador que costuma prestar serviço na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Quando vejo o título parece que temos mais uma notícia de violência doméstica. Mas afinal não, foi só mais um abuso do patronato sobre um trabalhador: o automobilista mandou o capataz dar um correctivo ao empregado.
Mas o Estado de Direito Democrático funcionou: os direitos do trabalhador violentado foram salvaguardados pelo zeloso agente da autoridade e o facínora abusador encontra-se a prestar contas à justiça.
segunda-feira, setembro 24, 2007
Na Arábia Saudita também não os há
In Iran we don't have homosexuals like in your country*
-Pois não, mataram todos os que não se esconderam no armário!
* Mahmoud Ahmadinejad (3.º a contar da esquerda), o sexualmente inseguro presidente da República Teocrática da Ex-Pérsia, numa conferência em Nova Iorque referindo-se aos Estados Unidos
domingo, setembro 23, 2007
Sermão dominical
Visto isto, como é que esta pouca-vergonha não havia de ter sucesso?
Penitenciemo-nos pois.
sábado, setembro 22, 2007
... e cadê os outros?
Reencontrei-o há pouco num blogue que não tomei nota - as minhas desculpas pela falta de referência - e deixo-o aqui para ser visto por mais alguns.
Discurso de Hillel Neuer, Director Executivo da UN Watch, ao Conselho dos Direitos Humanos da Nações Unidas em 23 de Março de 2007, seguido da reprimenda de Sua Excelência FDP, o Presidente da Comissão.
sexta-feira, setembro 21, 2007
quinta-feira, setembro 20, 2007
Da Somália a Darfur
O sucesso alcançado na Segunda Guerra do Golfo, em que a comunidade internacional se uniu como nunca até aí na defesa do direito internacional e dos direitos humanos, coligando-se contra a invasão do Kuwait pelo Iraque, muito contribuiu para a ideia de que outros problemas no mundo se poderiam resolver com o empenho de todos. Dentro desse espírito as Nações Unidas destacaram uma força para a Somália – que como estado deixara de existir e se encontrava a saque por bandos armados enquanto a população definhava na mais profunda das misérias – força essa composta por poucos efectivos e com uma missão puramente humanitária mostrou-se ineficaz, o que levou a que poucos meses depois nova força fosse enviada com maior poder de intervenção. A espinha dorsal desta nova força é o exército americano, o qual chama a si a responsabilidade de capturar os cabecilhas dos bandos, mas com muito pouco sucesso e o fim desta é o narrado pelo filme Black Hawk Down.
O falhanço desta missão em todos os seus objectivos é o balde de água fria que põe termo à euforia que vinha desde a queda do muro de Berlim e da vitória sobre os iraquianos. As nações que verdadeiramente têm poder para pôr alguma ordem no mundo – as potências ocidentais – estão imersas em rivalidades mútuas; não têm vontade política para arriscar as vidas dos seus cidadãos nesse tipo de missões; têm interesses económicos avessos a gastos militares ou têm interesses (ou falta deles) nesses conflitos; são, ainda, sensíveis à possibilidade das suas intervenções serem tomadas por manifestações neo-coloniais ou, pior ainda, por paternalismo eurocêntrico. Por tudo isto, desde então procuraram não mostrar o músculo no que a assuntos do Terceiro Mundo dizem respeito. O resultado é então Bósnia, Burundi, Ruanda... Darfur.
terça-feira, setembro 18, 2007
A comida e as brincadeiras
Há algum tempo chamei a atenção para o problema dos transgénicos e nos possíveis e visíveis efeitos nefastos da sua ingestão. Mas, o problema não são apenas estes OGM, o problema alastra-se a outros produtos criados pelo homem em laboratório e que fazem parte da dieta de todos, mas principalmente dos mais novos.
Isto a propósito dum artigo que li na Time sobre a dieta das crianças e sua influência na hiper-actividade, um problema que afecta cada vez mais jovens.
A indústria alimentar, tal como todos os negócios, pretende vender o mais possível e para isso criou laboratórios que têm como função descobrir o que agrada mais a cada povo, faixa etária ou género. Criaram-se intensificadores de sabor, colorantes para tornar os produtos atractivos, os E(nnn) que ninguém sabe o que raio é aquilo. E assim se mascaram produtos que na sua maioria são prejudiciais à saúde.
Mesmo os que dizem ser naturais escondem outras origens que não as por nós pensadas inicialmente. Alguém suspeita que o sabor natural do iogurte de morango é feito a partir da casca duma árvore (acho que do salgueiro) e não dos morangos? É natural, sim senhor, mas da casca.
Bom, para descansar uma amiga minha não estou consumido com isto, mas que me preocupo com a nossa alimentação e com a dos nossos sucessores preocupo e, acima de tudo, chateia-me que façam de nós parvos e estúpidos.
segunda-feira, setembro 17, 2007
Aquecimento Global
Quem não acredita que aquecimento global é uma realidade, saiba que uma das suas características é a alteração da flora das regiões afectadas. Assim enquanto umas espécies podem desaparecer outras encontram condições para prosperarem em regiões onde até aí não se desenvolviam. Portugal não é excepção.
As provas?
A diminuição das áreas dedicadas à produção cerealífera e o aumento das dedicadas à cultura de liamba.
domingo, setembro 16, 2007
sábado, setembro 15, 2007
Darfur
A cada hora que passa mais vidas se perdem, mais mulheres são violadas, mais a fome e a doença se espalham. A comunidade internacional tem sido lenta a reagir a mais este genocídio e, mesmo depois do Conselho de Segurança das Nações Unidas ter votado o envio de tropas para a região, as manobras dilatórias continuam para que tudo continue na mesma.
16 de Setembro é o dia Global de Acção por Darfur. Em Lisboa haverá uma concentração no Largo de Camões às 18 horas. Aí se poderá subscrever uma petição e ficar a par do que se tem passado neste triste território e do que se poderá fazer para tentar pôr cobro a mais esta calamidade.
sexta-feira, setembro 14, 2007
Serviço Nacional de Saúde (Cubano)
A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António paga 150 operações cirúrgicas oftalmológicas em Cuba – sim, na terra de Castro! – a pessoas abandonadas pelo Serviço Nacional de Saúde Português, pessoas essas, sem dúvida, sem dinheiro para irem ao sector privado e sem cunhas para fazerem avançar o seu processo.
Vendo esta notícia fui fulminado por uma revelação: E que tal extinguir-se o SNS e utilizar esse dinheiro para enviar para Cuba os portugueses que precisam de tratamento médico? Não se gasta mais dinheiro, acaba-se com um sector ingovernável e sujeito a constantes acusações de corrupção e ainda por cima os portugueses enfermos ganham umas férias pagas nas Caraíbas. Fácil, rápido e, mais importante, barato para milhões.
quinta-feira, setembro 13, 2007
Voltou tudo ao normal...
... o futebol ocupa de novo os vinte minutos iniciais dos noticiários televisivos...
... mostrando aquilo em que é melhor: pugilato pancrácio!
quarta-feira, setembro 12, 2007
Há dias em que sinto vergonha de ser português
O que é que os distingue
aos olhos dos órgãos de soberania portugueses?
O Dalai Lama não terá direito a ser recebido oficialmente por nenhuma autoridade do Estado Português – pela segunda vez.
Um pacifista, um defensor dos direitos humanos, um modelo de comportamento para todo mundo, um chefe religioso, uma das figuras verdadeiramente carismáticas do nosso tempo, não é digno para ser recebido por aqueles que nos governam.
Mas se calhar ainda bem. Quem é que se sente honrado por ser acolhido pelo estado que condecorou Nicolae Ceausescu, o tirano sanguinário da Roménia, com a Ordem de Santiago da Espada? Pelo país que faz finca-pé para acolher um ditador psicopata como Robert Mugabe? Pela estância de férias que alojou Mobutu e que deixa Fidel Castro palrar durante horas?
Portugal, um país sempre pronto a macaquear o que por lá fora se faz, sempre muito lesto a proclamar nos fora internacionais os seus princípios defensores dos direitos humanos, torna-se assim num dos raros sítios a não honrar um verdadeiro homem de valor.
Mas também – a bem da verdade histórica – só quem anda distraído é que poderá estranhar tal atitude do Estado Português. Afinal é nossa tradição das últimas décadas o vergarmo-nos frente a qualquer pressãozinha dos outros, seja de Mr. Brown, do Sr. Dos Santos, do coronel Chávez ou mesmo do grande farol dos direitos humanos, das liberdades e do liberalismo que é a China.
Se há dias em que sinto vergonha de ser português...
Corrente da amizade
Em nome dos participantes nesta página queria deixar aqui o nosso obrigado por tal consideração em relação às nossas personagens blogosféricas. Sim, são personagens fictícias mas têm algo de nós próprios.
A amizade constroi-se e, apesar de lermos vários blogs, isso não é suficiente para criar uma amizade. No entanto existem alguns blogs e seus detentores que nós consideramos amigos, pela afinidade, pela argúcia, pela sensibilidade, pela inteligência...
São eles:
Blog do Salvador
terça-feira, setembro 11, 2007
segunda-feira, setembro 10, 2007
Jornalismo de sarjeta, a saga continua
O que interessam as novas medidas de protecção ao trabalho e aos trabalhadores, quando se pode apresentar uma telenovela da vida real?
domingo, setembro 09, 2007
Serviço público de televisão
Esta noite a RTP retribuiu-me um pouco daquilo que me tem sido extorquido, pois o seu serviço público serviu... futebol (e ainda foi constantemente torpedeado com publicidade que me impedia de ver o jogo correctamente). A selecção portuguesa portou-se mal e levou nas trombas e umas quantas sopeiras – e provavelmente algumas tias – vão ser enxertadas. Enfim, é a vida...
Mas os meus impostos também, dizem-me, financiam o desporto amador: chinquilho, damas, matrecos, rugby, etc. Ora, eu até não me importaria, ou melhor, eu gostaria de ver o campeonato do mundo de rugby, mas não posso ir a França, nem quero pagar extras a gente pouco idónea para o ver num canal codificado, nem me quero dar ao trabalho de procurar alternativas no mercado livre da especialidade. Queria tão só que o serviço público funcionasse e me mostrasse onde andam os meus impostos.
sábado, setembro 08, 2007
sexta-feira, setembro 07, 2007
quinta-feira, setembro 06, 2007
A propósito dos transgénicos
É preocupante quando se discutem movimentos e pessoas (quais polícias políticas) que preconizam o debate sobre os produtos geneticamente transformados e se ponha para segundo ou terceiro plano o debate sobre a possibilidade destes se produzirem em Portugal, uma vez que já são comercializados.
É preocupante que se comercializem e consumam produtos modificados sem que haja qualquer referência à sua manipulação genética, seja nos rótulos ou na literatura das embalagens.
Nós estamos a consumir produtos que hoje se sabe poderem ter consequências maléficas para a nossa saúde e para o nosso bem-estar futuro. Vamos continuar a fazer como a avestruz ou vamos exigir ser informados do que realmente estamos a consumir?
Claro que se pode dizer que os estudos são inconclusivos, mas basta olhar para as nossas crianças e verificar que crescem rapidamente, tanto em altura como em largura e a vida sedentária não explica tudo. Basta que alguém vá passar uns tempos aos EUA para verificar como o seu peso aumentou largamente no regresso. Verifique-se que tipo de alimentação faz uma criança obesa e constata-se que os flocos (sem leite), as comidas rápidas, os gelados e as bolachas têm uma importância considerável.
Os transgénicos estão em todos os produtos mencionados.
O cultivo de sementes de produtos geneticamente transformados faz com que o agricultor fique totalmente dependente das sementes das companhias detentoras das patentes. Essas sementes só podem ser utilizadas pelos agricultores devidamente contratualizados e se por qualquer eventualidade o agricultor desistir de comprar as ditas sementes e elas continuarem a crescer na sua propriedade, porque ficaram no restolho, pode ser demandado judicialmente por uso indevido das sementes. Existem diversos casos de agricultores americanos com este tipo de problemas na justiça. Outros agricultores que nunca cultivaram OGM acabaram por os encontrar nas suas propriedades - simplesmente porque as abelhas não reconhecem as estremas - e também eles acabaram com o rabinho assente no mocho requeridos para engordarem os accionistas das empresas produtoras de OGM.
O que os defensores dos OGM não admitem é a possibilidade de no futuro a humanidade ficar dependente para a sua alimentação das espécies geneticamente modificadas e das companhias que as fornecerem. Esta ideia não é de todo absurda já que basta para isso que a alimentação humana seja o fruto das sementes geneticamente modificadas e patenteadas. Aquilo que deveria ser a solução do problema da fome no mundo transforma-se noutro problema muito maior, pois os agricultores só poderão produzir a partir daquelas sementes fornecidas em exclusividade pelas companhias.
As sementes geneticamente transformadas dão, por exemplo, origem a plantas resistentes aos insecticidas e quando se faz a polinização ela não fica limitada à propriedade onde inicialmente se fez a sementeira. As plantas transgénicas polinizam as plantas naturais e iniciam um processo de modificação das plantas circundantes. Isto poderá resultar numa maior fragilidade das plantas biológicas e na sua alteração genética com resultados de consequências imprevisíveis no futuro.
Lembro que - tal como Gualter Baptista, a face visível da oposição aos transgénicos - também foi ridicularizado o cientista que, pela primeira vez, chamou a atenção para o prião a que agora comummente se atribui a responsabilidade pela doença das vacas loucas. E tudo isto começou, na ânsia de maior lucro, com algo que se julgava um bem inofensivo e que agora tem os resultados que todos conhecemos.
Um dos princípios bíblicos é que se deixe nos campos sementes e frutos depois das colheitas para os mais pobres poderem tirar algum proveito disso. Mas agora os filósofos do dinheiro dizem: se te tirarem uma semente ou um fruto e o plantares terás de pagar em tribunal, pois eles são da exclusiva criação e comercialização da companhia X, Y ou Z.
Soma(gue) e segue
Depois de várias horas pendurado à espera que a Netcabo voltasse a funcionar, eis que deixo de ser um ciber-excluído e volto a saber o que se passa no mundo.
A PGR arquivou o inquérito ao financiamento ilegal da Somague ao PSD por, à data dos factos, não ser crime e não se conseguir provar haver corrupção.
Assim repito aqui o que escrevi há dias:
«Que os partidos políticos têm financiamentos de legalidade duvidosa, não é novidade para ninguém; que há gente que esteve a monte – ou melhor dizendo, a banhos – e a ser julgada por causa deste crime, também já não é notícia; que tudo isto vai ficar em águas de bacalhau, todos sabemos. Então para quê tanto chinfrim?»
Já agora, e porque não o escrevi na altura, acrescento que neste momento os advogados e os contabilistas das grandes empresas e dos interesses privados já encontraram maneira legal de manter aberta a torneira do dinheiro com que se compram os nossos dirigentes políticos.
Imagem roubada daqui.
quarta-feira, setembro 05, 2007
Irritações e alergias
Tudo isto é light, com fibras, bífidos e ómegas; 0% de açúcar, 0% de gordura e 100% intragável.
segunda-feira, setembro 03, 2007
Não aprendemos nada...
Nos últimos tempos tenho-me preocupado essencialmente com a temperatura da água do mar e se há vento ou não. Mas não pude deixar de reparar entre o turbilhão de “faits divers” (que hoje é imagem de marca do nosso jornalismo) nas notícias sobre as reuniões de accionistas do BCP.
Segundo percebi existe um senhor chamado Teixeira Pinto e outro Jardim Gonçalves que se digladiaram até ao fim para fazer valer as suas ideias sobre o futuro do banco. Ambos pertencem à Opus Dei, mas aparentemente o primeiro criou “algumas ondas” (desculpem mas ainda estamos em época balnear). Como resultado o poderoso Jardim Gonçalves manteve a sua posição garantida pela fidelidade dos seus acólitos e o mais jovem e com ideias menos ortodoxas foi borda fora.
Pelo que me foi dado a constatar estavam em discussão duas formas de entender os negócios em geral e a banca em particular. De acordo com a visão meramente económica o BCP como banco privado pertence aos seus accionistas e estes quando investem o seu dinheiro querem que o seu investimento renda, mas isso é o que nós pensamos reles depositantes e provavelmente accionistas.
Contudo o mundo dos negócios, tal como a sociedade portuguesa, está dominado por senhores feudais que disputam os seus poderes e contam os seus homens e armas. Aqui o que interessa é a fidelidade e vassalagem que se deve ao senhor e isto numa estrutura fortemente hierarquizada que é a Opus Dei. O que interessa é o poder e o domínio. O superior hierárquico manda e os outros obedecem jesuiticamente (salvaguardando as devidas distâncias); criam-se grupos ou estratos de categoria diferenciada, quais cortes senhoriais sujeitas a outras cortes de cada vez maior importância. Criam-se e dão-se empregos a pessoas que estejam fortemente “endoutrinadas” neste sistema e assim se vem perpetuando esta sociedade podre em que vivemos.
Digo isto porque já no século XVII Duarte Gomes Solis chamara a atenção para os problemas que se viviam no comércio. Solis escreveu livros e deu pareceres, tentando por todos os meios fazer ver ao rei que as sociedades comerciais só fazem sentido se os lucros forem distribuídos de acordo com o dinheiro investido e não em função da categoria social ou dos privilégios detidos por cada um. Foi tudo em vão e assim as companhias comerciais inglesas, holandesas e até mesmo as francesas floresciam enquanto as portuguesas nunca passavam da cepa torta. As companhias portuguesas quando tinham lucro em vez de reinvestirem o dinheiro no desenvolvimento das próprias companhias e na sociedade entregavam a quase totalidade dos lucros aos accionistas sem que se respeitasse o princípio da retribuição na proporção do investimento, dinheiro esse que servia unicamente para demonstração do poder, da nobreza e da fidalguia pelo investimento em roupas luxuosas, jóias, festas e outras trivialidades.
Hoje, tal como ontem, instituições como o BCP, mas não só, o mando não é necessariamente proporcional ao capital investido, o mesmo se passando com as retribuições financeiras do investimento, havendo accionistas de primeira, segunda e por aí fora, sem que isso tenha qualquer relação com o investimento.Em pleno século XXI continua quase tudo como no século XVII. Os lucros, as decisões, os empregos são apanágio de determinados grupos e indivíduos cuja única preocupação é o poder. Quem não se sujeitar é descartado, pois o que interessa é gente que pense pouco e obedeça bem, mesmo que isso leve ao suicídio duma empresa e à castração duma sociedade.
Mais jornalismo de sarjeta
Uma das peças apresentadas referia-se a uma putativa orgia em casa de Cristiano Ronaldo. A notícia (?), conforme foi dada no noticiário das 20 horas, teceu considerações sobre ser este tipo de factos alvo da cobertura dos media britânicos ao contrário do que se passa por cá e continua com detalhes sobre a vida privada dos jogadores inclusivamente apresentando o testemunho das damas envolvidas.
Pouco depois outra notícia revelando um critério jornalístico completamente diferente. Trata-se do costumeiro barulho feito por alguns muçulmanos e que ocorre sempre que um dos seus chefes religiosos descobre algo que pode usar para incitar as massas ignorantes ao ódio e à violência. Desta vez foi um jornal sueco, o Nerikes Allehanda - de ampla leitura no mundo islâmico -, que publicou uma(s) caricatura(s) - de muito má qualidade artística, diga-se - que dizem representar o Profeta. Os diligentes jornalistas não conseguiram encontrar na Net a caricatura em causa - coisa que me levou menos de cinco minutos para encontrar várias - e assim tiveram uma boa desculpa para fazerem a censura que os fanáticos nos querem impor.
domingo, setembro 02, 2007
Uma república das bananas
Suponho que o documento no aspecto diplomatístico é verdadeiro, já que tendo sido referido no Parlamento a sua autenticidade formal não foi desmentida, pese embora o facto do Ministro da Defesa ter negado a autenticidade de parte do conteúdo.
No documento consta em Assunto: «Visionamento de fotos enviadas à Força Aérea pelo Ministério da Defesa Nacional», seguindo-se depois a identificação de alguns militares que figurariam nessa fotografia, os quais vieram posteriormente a ser punidos pelo facto.
Neste caso alguém necessariamente está a mentir: ou o ministro ou o oficial da FA.
Se um ministro da República mente no Parlamento tem de ser demitido; se um funcionário público, e ainda mais se for militar, mentir aos seus superiores em matéria de serviço deve seguir, no mínimo, o mesmo caminho.
Quem tirou as fotografias em causa? E por ordem de quem, se não foi do Ministro? Qual o enquadramento legal para a tomada dessas imagens e qual a fundamentação legal para o seu uso em processo disciplinar? Provavelmente trata-se de matérias sobejamente conhecidas, no entanto desconheço-as.
Neste país que vive de subterfúgios legais, mais do que saber da legitimidade para militares se manifestarem ou não, o que importaria saber neste caso é como se asseguram os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos contra o abuso dos dirigentes do Estado e como se salvaguarda o exercício da liberdade individual. Em suma, com que direito é que cidadãos exercendo a liberdade de expressão são filmados e fotografados para depois serem punidos por isso como se vivessem sob um regime totalitário.
sábado, setembro 01, 2007
Agradecimento tardio
Já tínhamos recebido uma referência, agora é a Maria a certificar-nos como um dos melhores momentos virtuais.
Obrigado, só mesmo os amigos é que exageram ao dizerem bem de nós.
Agradecemos também ao Blogotinha que achou o nosso nome engraçado e nos recomendou como um dos seus cinco blogues no dia dos ditos cujos.