quinta-feira, agosto 30, 2007

Generais (2)

O Presidente da República vetou a nova lei orgânica da GNR por falta de entendimento alargado entre os partidos, porque cria o posto de general de segunda (ou de politécnico) e porque não define as relações entre a Guarda e a Marinha, podendo haver sobreposições de tarefas e missões.
Nos argumentos invocados nada se refere ao excessivo número de generais que a Guarda passaria a ter com a nova lei.
Não se sabe quantos generais tem hoje a guarda, mas são de certeza demasiados para os efectivos que a compõem. Uma força com pouco mais de vinte mil homens, o equivalente a uma grande divisão ou a duas pequenas, tem generais para comandar um corpo de exército. Estes generais que vão cumprir umas comissõezitas na guarda são os excedentes daquilo a que pomposamente se chama de Exército Português; um exército cujo efectivo total não chega para formar três pequenas divisões, mas que tem generais suficientes para um grupo de exércitos.




Adenda (1-9-2007).
O Blogador colocou como comentário neste texto os números que em baixo se transcrevem. Por ser informação muito relevante coloco-os aqui.

Efectivos em 2006:
Exército – 22.000
Marinha – 10.500
Força Aérea – 7.500
GNR – 26.000
PSP – 22.000
Curiosamente, o exército tem 63 generais e a GNR 11. Mas a questão central é que o n.º de oficiais superiores e generais não pára de aumentar, enquanto se reduz o n.º de sargentos e praças. Caminha-se para uma organização do tipo pirâmide invertida.


quarta-feira, agosto 29, 2007

Lua de Agosto


Se há coisa que valha a pena em Portugal é a lua cheia de Agosto, um espectáculo que não se deve aos artifícios dos indígenas mas que é obra da natureza nesta latitude e que os nativos ainda não conseguiram arranjar maneira de estragar – mas estão tentando!
Enquanto no solo não há palmo de terra que não se queira converter em campo de golfe, marina, apartotel ou condomínio «fechado», o espaço interplanetário ainda só consegue ser conspurcado pelos portugueses com os fumos dos incêndios de Verão que ofuscam os céus e asfixiam as pobres gentes que ainda por cá vão subsistindo na esperança de se tornarem criados dos turistas que ao engano ou por falta de melhores meios cá vêm parar.
Este verão tem sido particularmente feliz para os espectadores da Lua. Se exceptuarmos os momentos em que as nuvens chuvosas a ocultam, a maior parte dos dias a sua visão não foi prejudicada pelo fumo dos tradicionais incêndios estivais. Esta quebra da tradição é um feliz acaso, novamente fruto dos caprichos acidentais da natureza, e que o nosso Governo, com boa propaganda, saberá aproveitar em benefício da sua imagem, esquecendo-se, pelo caminho, de agradecer os bons ofícios de São Pedro, de Zeus ou de qualquer outro santo meteorológico de devoção particular.

domingo, agosto 26, 2007

sábado, agosto 25, 2007

Porque hoje é sábado


Handel, Tamerlano (HWV18), "A dispetto d'un volto ingrato", por Derek Lee Ragin

sexta-feira, agosto 24, 2007

Agradecimento

A Calimera considera-nos entre os melhores, um exagero motivado pela amizade mas que mesmo assim nos comove. Obrigado.


Quanto às nomeações, esperemos pela reunião do corpo redactorial anteriormente referida.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Silly season

Um dos textos mais estúpidos que aqui pus (e nem texto era) tem sido o que mais visitantes traz através do Google. Loiras, morenas e pretas, isoladas ou combinadas entre si, trazem mais de um terço dos visitantes que chegam por via dos motores de busca. Uma postagem desinspirada feita em cinco minutos para cumprir calendário em dia de canícula ultrapassa de longe os temas da actualidade política e social ou até mesmo os faits divers que às vezes servem para entreter os nossos visitantes.
Deixa-me isto com pouquíssima vontade para escrever o que seja sobre o financiamento ilegal do PSD, sobre os transgénicos, ou até sobre a miúda inglesa e os cães farejadores de sangue, isto é, sobre a silly season – jurara a mim mesmo não fazer referência à época, mas não resisti – em todo o seu esplendor.
Que os partidos políticos têm financiamentos de legalidade duvidosa, não é novidade para ninguém; que há gente que esteve a monte – ou melhor dizendo, a banhos – e a ser julgada por causa deste crime, também já não é notícia; que tudo isto vai ficar em águas de bacalhau, todos sabemos. Então para quê tanto chinfrim?
Sobre os OGM, para já, não quero escrever mais. Ninguém quer saber a merda que come e não me cabe a mim tirar-lhe o apetite.
Os portuguesíssimos cães farejadores de sangue que não foram empregados na função pública para procurar a miúda desaparecida têm razão para estarem tristes. Afinal, os tolos queriam trabalhar de borla e foram preteridos pelos cães mercenários daquela empresa inglesa que anda por aí a promover os seus produtos, envergonhando, ao mesmo tempo, os bicharocos da nossa garbosa GNR. A propósito disto, ficámos a saber que foram esses amadores que descobriram onde estava um cadáver no rio Douro, mais uma vez envergonhando a Guarda e a Marinha – sem dúvida duas forças a extinguir dada a sua total ineficiência.
Perante estas (não-)notícias não é de admirar que qualquer pessoa bem formada prefira passar o seu tempo com umas cervejolas ou, em alternativa, na companhia dumas técnicas profissionais das artes meretrícias.
Eu, por cá, vou ali buscar uma inspiração de 12 anos e vou-me ao trabalho que se faz tarde.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Alguém entretanto ficou a dormir


A notícia do Correio da Manhã de hoje de que um indivíduo ficou em liberdade depois de cometer várias ofensas com arma branca, algumas delas passíveis da acusação de homicídio na forma tentada, e que depois disso acabou mesmo por assassinar uma pessoa, é reveladora da ineficiência da justiça portuguesa. Neste sistema usa-se e abusa-se da prisão preventiva em casos menores ou mesmo insignificantes, por outro lado deixa-se em liberdade um indivíduo amplamente referenciado do cometimento de crimes sucessivos.
De situações como esta fica a ideia de que a justiça é aleatória e sem princípios lógicos e coerentes de equidade.


Todos estes acontecimentos terão sido publicamente divulgados pela comunicação social sem que se estabelecesse relação entre eles. A polícia fê-lo, como é sua missão. Tudo indica que o ministério público, órgão a que cabe a condução da investigação criminal, ignorou estes factos e subestimou o perigo que o indivíduo constituía para a sociedade. Agora, tudo isto se torna conhecido pela denúncia pública feita por um agente policial que assim dá a todos uma lição de cidadania, honrando a república e a instituição que serve.

Contudo, creio que as próximas notícias sobre este caso falarão da punição a que o agente irá ser sujeito, ou não estivéssemos nós em Portugal.

terça-feira, agosto 21, 2007

A berraria


A berraria que vai aí pela blogosfera com alguns ecos nos media tradicionais por causa da destruição duns pés de milho por uns vadios, faz esquecer o que verdadeiramente se devia estar a debater e que, muito convenientemente, tem sido calado.
Trata-se de saber se os organismos geneticamente modificados (OGM) são seguros. Mas ainda mais importante do que isso é saber os OGM são inócuos para o meio ambiente: tanto para o homem como para toda a biodiversidade que tem de ser preservada como património do mundo que é.
O debate ainda não começou nem há vontade política para o fazer. Trata-se duma questão de cariz científico e grande parte do povo português é por demais ignorante a para entender, presume-se. Mas também é verdade que a comunidade científica, lerda que é na sua interacção com a sociedade, pouco se dá ao trabalho de divulgar a matéria. A imprensa e as televisões pouco ou nada têm feito sobre estes assuntos, divulgando-os a maior parte das vezes entre futebóis e telenovelas da vida real, como o folclore algarvio de há dias (o documentário recentemente passado na SIC-N, é uma excepção que confirma a regra).
Tenho uma opinião muito céptica em relação à benignidade dos OGM e desconfio muito da bondade das empresas que os produzem, pois são as mesmas que com os mesmos argumentos, no passado venderam o DDT, o Agente Laranja e outras soluções milagrosas para a fome e todos os males do mundo com os resultados hoje sobejamente conhecidos. Portanto, tudo o que daí vier tem de ser encarado com muita cautela e só com uma certeza: elas estão aí para fazer muito dinheiro sem olhar a meios.
As garantias dadas pelos cientistas a soldo dessas empresas valem o que vale a palavra dum vendedor de time-sharing; falam pelo dono e só querem o cheque ao final do mês, pois têm família para alimentar. O bom cientista, nunca dará garantias, ou só dará aquelas que o estado da arte permitir na altura. A ciência não é estática, evolui e o que num momento parece certo noutro poderá ser isso e mais alguma coisa ou até já não o poderá ser. Se se quiser uma analogia, tome-se a indústria farmacêutica que, com regularidade, 20 ou 30 anos depois de lançar um produto é forçada a retirá-lo do mercado quando se descobrem novos e nocivos efeitos secundários. Agora imagine-se acontecer isso com um OGM que entretanto já contaminou um ou vários ecossistemas; imagine-se que a longo prazo poderá afectar a saúde dos homens e dos animais de que este se alimenta; veja-se o caso da BSE (vacas loucas).

segunda-feira, agosto 20, 2007

Coisas de macho

Pelo Statcounter cheguei ao blogue A Passarinha e deparei-me com um texto hilariante que ilustra na perfeição o espírito troglodita que habita no macho lusitano.
Contudo não é caso para desesperar, é que ainda há (ou havia) quem saiba encarar a rejeição com humor, só não sendo exemplar por invocar publicamente o nome da senhora.

domingo, agosto 19, 2007

Este País não existe


Oiçam até ao fim porque é de morrer a rir.

Estava tudo tão bom...

... Porquê, Deus?



(Vídeo não recomendável à Dra. Patrícia Lança e outros espíritos sensíveis.)

sábado, agosto 18, 2007

Matrimónios


Uma Família Normal, o brilhante texto de João Rato, retirou-me do torpor mental em que me encontro e levou-me a escrever sobre um assunto de que há uns meses tenho vontade.
Tudo começou com uma declaração do inominável César das Neves por alturas da campanha para o referendo sobre a IVG – texto que entretanto não mais consegui referenciar.
Terá dito o referido professor de economia que por este andar qualquer dia também se ia permitir a poligamia, entre outras doutas considerações e exemplos do mesmo género. Para além de ficar a saber por dedução que na escala de valores do ilustre senhor o direito fundamental à vida fica atrás normas sociais como são as que regulam o matrimónio, tomei então consciência de que para muita gente o casamento só pode assumir uma forma: heterossexual monogâmico e vitalício.
Ora, se o casamento há muito tempo deixou de ser tido como uma instituição obrigatoriamente vitalícia, só agora se começa a questionar a faculdade de também poder ser entre pessoas do mesmo sexo, mas ainda são poucos os que avançam para a possibilidade de este não ter de ser necessariamente monogâmico. Contudo quando se pensa em não monogamia pensa-se que o seu inverso é a poligamia, ficando sempre de fora a eventualidade da poliandria e isto talvez por as duas primeiras serem as formas mais frequentes de relação matrimonial – a primeira mais do que a segunda, é certo.

Numa sociedade de pessoas verdadeiramente livres qualquer uma destas relações matrimoniais tem de ser aceitável, desde que prevaleça sempre o princípio da igualdade, da liberdade e do respeito mútuo entre as partes. Prevalecendo estes princípios, não é legítimo à sociedade negá-los a quem assim quiser viver.
A monogamia e a poligamia eram as formas mais fáceis de gerir a propriedade e a descendência em sociedades patriarcais; já a poliandria funcionava melhor em sociedades matriarcais. A poligamia e a poliandria, por seu lado, tinham a desvantagem de afastar do casamento os géneros excedentários, os quais eram quase sempre os mais desfavorecidos em termos económicos. Estas desvantagens não estavam presentes na monogamia, pois esta garantia a todos os géneros o acesso ao género contrário eliminando potenciais focos de inúmeros conflitos.
A vulgarização do divórcio nas sociedades monogâmicas e sequentes casamentos dos divorciados veio introduzir uma instabilidade na sociedade que as sociedades agro-pastoris não tinham, e esta nova sociedade acabou por lidar muito bem com a situação, ao contrário do que muitos dos que se opunham pensavam e prediziam.
O mesmo se passará quando se permitir a união de pessoas do mesmo sexo e quando se permitir a poligamia e a poliandria.
Já agora, e pela mesma lógica, porque não permitir policasamentos a quatro a cinco, envolvendo várias pessoas e não havendo só uma dum sexo e as outras do outro? Para este tipo de relações, e sem mais reflexão, o léxico começa a ser curto.
Sendo o casamento um contrato, esse contrato deverá explicitar bem as regras, podendo ser renegociado de comum acordo entre as partes. Trata-se duma burocratização duma vivência na dimensão em que sempre o foi, mas este tipo de relações também sempre existiram sem casamento, mas isto é levar a discussão para um outro plano.

Gostei de ver

Não conhecia este tributo nem sou propriamente fã de Kenny Rogers mas a musica ouve-se, a letra joga bem com as imagens e a mensagem é forte.

Porque hoje é sábado...




... e do tempo em que as músicas tinham mais de 3 minutos:
Procol Harum, A Whiter Shade of Pale, 1967

sexta-feira, agosto 17, 2007

Terrorismo ecológico

Primeiro cria-se a necessidade onde ela não existe, depois cobra-se para a satisfazer e a isso chama-se empreendedorismo.

Quando os detentores das patentes começarem a processar agricultores inocentes cujas culturas foram geneticamente contaminadas pelas suas criações; quando as todas as culturas forem propriedade das multinacionais e a elas se tiver de pagar o imposto da sobrevivência, quero ver então quem são os terroristas.


Agradecimento

É sempre bom ser-se reconhecido por aquilo que se faz e por isso agradecemos ao Rei dos Leittões e à Maria terem-se lembrado de nós na sempre ingrata e injusta tarefa de escolher uns em prejuízo de outros.
É dupla honra em menos de 24 horas ser-se assim agraciado, portanto, Maria e João, obrigado.


Contudo e eventualmente, só se dará continuidade à cadeia quando conseguirmos reunir a assembleia-geral cá da casa em torno das soluções etílicas do costume.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Duas faces da mesma moeda de lata


A Sábado desta semana tem como destaque na primeira página a entrevista exclusiva a Paulo Teixeira Pinto, presidente do conselho de administração do banco mais mediático do momento.
A entrevista em si não é nada de mais, mas o título dado diz muito, embora sem que o entrevistado o confirme ou desminta, facto que, se não há abuso jornalístico, pode ser entendido como uma confirmação tácita. A grande notícia é, pois, a saída do banqueiro da Opus Dei.
Fica por esclarecer se haverá alguma relação entre a saída da Obra e o começo da crise directiva no banco ou se a referida crise levou à opção tomada. Por desinteresse completo não tenho seguido a telenovela bancária e agora por falta de paciência não estou para comparar cronologias – quem tiver pachorra que o faça – no entanto creio que poderá haver correlações interessantes.

No mesmo número da revista está uma entrevista a José António Barreiros, advogado e ex-aparachnik do PS, que perguntado porque deixou a maçonaria em 1992 responde:

«Tinha orgulho em pertencer à maçonaria. Não dizia que era, mas também não escondia. Para mim, a maçonaria era um culto filosófico, uma associação filantrópica e uma sociedade iniciática que visava o aperfeiçoamento da pessoa. Não era um clube, um grémio de interesses ou um cadilho de empregos.
Assisti à introdução desses factores: de luta pelo poder, de ambições interventivas na sociedade civil e política, de uma lógica de despique com o Opus Dei

Guindados a boas posições económicas, sociais e relacionais por instituições virtuosas, pese embora a sombra da dúvida que sobre elas sempre pairou, afastam-se do grupo protector, contando a partir daí com a inércia entretanto adquirida.



Adenda (21-8-2007 9:27):
Entretanto, parece que o que consta, não é.

quarta-feira, agosto 15, 2007

segunda-feira, agosto 13, 2007

O milagre de Fátima

O lugar de Fátima nos últimos cem anos passou dum pasto do Portugal profundo, esquecido e subdesenvolvido a um dos centros mais cosmopolitas do mundo. Tal é o verdadeiro milagre de Fátima.
Este sucesso não se deveu aos recursos naturais aí existentes, nem ao estabelecimento de indústrias ou qualquer pólo de ensino, investigação ou desenvolvimento. O êxito, que bem merece o nome de milagre, deveu-se tão só a uma das mais bem sucedidas campanhas de publicidade alguma vez desenvolvidas para a criação duma imagem de marca.
Trata-se dum produto de amplo consumo no mercado interno, que garante a sua sustentabilidade, e é extremamente reconhecido e bastante consumido por estrangeiros que asseguram a rentabilidade do mesmo, contribuindo simultaneamente para o equilíbrio da balança comercial pela entrada regular de divisas.
É um exemplo que deveria ser dissecado em todas as suas vertentes e depois reproduzido noutros locais deprimidos do país.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Mesmo muito bom

De passagem por casa entre o regresso de uma praia marítima e a viagem a uma praia fluvial, deixo-vos este vídeo em jeito de bom fim de semana adiantado.

A caixa que embruteceu o mundo


20:00 – Começam os noticiários televisivos. Pego no regador e vou dar água às plantas.
20:10 – Agarro no telecomando, corro os três canais portugueses à procura de notícias.
20:11 – Ainda a reportagem da treta. Desligo a televisão.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Onde pára a Voz das Beiras?


O blogue InApto, aqui há um mês referenciado como dando notícias do que se passava no museu Grão Vasco, foi recentemente apagado, ficando só a estrutura. Do mesmo modo desapareceu a versão em linha do jornal Voz das Beiras que também veiculava notícias sobre as mesmas matérias.
As últimas notícias que tenho era estarem ambos sujeitos a um processo judicial por difamação.
Que se terá passado entretanto? Terá sido imposta a Lei da Rolha?

terça-feira, agosto 07, 2007

A Herança

Às vezes as minhas leituras vão um pouco além da Caras e do 24 Horas e foi assim que folheei a Time da próxima semana. Este número da revista é dedicado ao balanço dos 60 anos de independência da Índia e, como se esperaria, está voltado essencialmente para o presente, tentando também antever o futuro; um esforço que se sabe de antemão condenado ao fracasso, mas enfim... Não deixa, contudo (e isso é irresistível), de dar umas olhadelas para o passado, quanto mais não seja para mostrar erudição e apontar para um público-alvo mais vasto.
Deixando para Nuno Rogeiro a análise do que se diz sobre o presente e para o Paulo Cardoso o exame da futurologia, passo à história, essa espécie de literatura de segunda com que se entorpece na escola as mentes infantis e que é feita por coronéis reformados e outros inúteis.
Saltando rapidamente para a última página encontra-se nela um ensaio de William Dalrymple, autor de The Last Mughal, onde com elegância discorre sobre a história das relações da Índia com o Ocidente desde Alexandre Magno até ao presente. Nesse pequeno texto, a grande tese é que durante todo este tempo a Índia manteve a supremacia económica face ao Ocidente, excepção feita ao período de dominação inglesa a partir do século XVIII. Assim a presente ascensão da Índia não é um milagre mas é antes o regresso à posição que sempre ocupou no mundo.
O ressurgimento indiano não é obra do acaso, nem se ousa dizer que se deve ao esforço heróico dum qualquer indiano ou ao favorecimento especial de algum dos inúmeros deuses locais. O autor esclarece que para esta ressurreição houve um contributo dos ingleses e dos portugueses: os primeiros forneceram importantes instituições como a democracia e o estado de direito, os caminhos-de-ferro, o críquete e a língua inglesa; já os portugueses se limitaram a contribuir com a introdução do piripiri.


Está assim explicada a Índia actual. A herança portuguesa do piripiri destrói-lhes a sensibilidade oral, tornando a língua de Shakespeare ininteligível naquelas paragens; este legado afecta o juízo das gentes pondo-as a praticar o mais entediante dos jogos, depois do ténis e do golfe, e leva os ferroviários à pressa para trás dos caniçais, contribuindo assim para a sinistralidade épica nas vias que deviam conservar. É também o piripiri que dá o sabor especial à democracia indiana, tornando-a numa república dinástica em que o exercício de altos cargos do Estado é tão perigoso como andar de combóio.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Memorando




É só para lembrar ao Prophet (e aos outros) que entramos hoje no 3.º Ano da Arte... Lembras-te?

Não há assento que aguente

Confirma-se. Fidel Castro já tem sucessor:


«Hugo Chávez esteve ontem sete horas e 43 minutos no ar, no seu programa radiofónico e televisivo semanal "Aló Presidente".»
Público



Foto retirada daqui. E já agora vale a pena dar uma vista de olhos

domingo, agosto 05, 2007

Gostei de Ler

sábado, agosto 04, 2007

Porque hoje é sábado... e ela é linda

Haverá uma voz mais fabulosa que esta?



Vivaldi, Anch'il mar par che sommerga por Cecilia Bartoli


... e repare-se na alegria de quando tudo sai bem!...

Porque hoje é sábado...

... e o calor aperta

sexta-feira, agosto 03, 2007

O meu sistema estelar

Os russos preparam-se para reivindicar a posse do Pólo Norte; vários países posicionam-se para tomar para si fatias da Antártida; muitos mais querem alargar a sua Zona Económica Exclusiva para as 350 milhas e até há uma empresa norte-americana a vender lotes de terreno na Lua.

A Rússia em estado de decomposição territorial e incompetente para controlar os vastíssimos territórios que já detém quer agora ainda mais, e o pior é que é capaz de o conseguir sob pena de ocorrerem mais uns falecimentos misteriosos e de nuns quantos países se passar a tomar banhos frios por lhes cortarem o gás.


A Antártida, sob pretexto científico, está ocupada por uma dúzia de países que só esperam uma conjuntura favorável para imporem a sua soberania e começarem a explorá-la economicamente, que afinal é tudo o que importa.
Todas as nações com costa marítima se preparam para chamar suas às águas até às 350 milhas, uma pretensão que Portugal, obviamente, também tem. Só resta saber como é que os portugueses – uma espécie falida e em vias de extinção – vão impedir outros de explorarem o mais que hoje já não conseguem proteger e explorar.
Não sei qual o codicilo do testamento de Adão que legou a Lua à Lunar Registry – já que só se pode vender aquilo que se possuiu – mas sei que, para além duns quantos papas, em Serafim de Freitas, Huig de Groot ou na Acta da Conferência de Berlim estão escritas algumas coisas sobre estes princípios – uma matéria a rever.
Se o direito à propriedade da Lua por essa empresa advém donde eu penso, então quero desde já aqui declarar a minha posse de todo o sistema de Antares, aproveitando também para informar que já estou a aceitar ofertas para a celebração de contratos de aforamento em vidas.