... faça-se uma pausa e aprecie-se porque há coisas que valem a pena.
Verdi - Traviata - Choeur Bohémiens
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sábado, março 31, 2007
sexta-feira, março 30, 2007
quinta-feira, março 29, 2007
terça-feira, março 27, 2007
Leituras
- Fernanda Câncio: Direito de cópia, ou cópia de direitos?
- Daniel Oliveira: Muito mais do que um cigarro
- Paulo Gama Mota: Uma defesa do método científico
sexta-feira, março 23, 2007
Os patrões também querem mandar na hora
As confederações patronais querem mudar a hora legal em Portugal, tornando-a igual à de Espanha.
Os patrões portugueses, incapazes de tornarem as suas empresas lucrativas e competitivas no mercado nacional e internacional, encontraram mais uma desculpa para a sua incompetência. Depois de se queixarem do Estado, dos impostos, da burocracia, da lei do trabalho, dos trabalhadores, queixam-se agora que a hora legal os prejudica. Querem por isso que a hora mude.
Não interessa que isso lese o resto da sociedade e o País; não interessa que na União Europeia existam outras horas legais para além da que vigora em Espanha, França ou Alemanha e que esses países convivam bem com isso. O que é preciso é mudar, mesmo que isso se venha a reflectir na qualidade de vida dos seus empregados e dos seus concidadãos.
Ainda por cima invocam razões totalmente absurdas como se não houvesse no mundo países que, como Portugal, até têm diferentes horas dentro no seu território. Para estes empresários, devemos de ter a mesma hora da Espanha, mas não faz mal termos os Açores com uma hora de diferença do Continente e da Madeira. Uma hora de diferença da Espanha é complicado para eles, mas aos americanos, aos brasileiros ou aos russos não lhes passa pela cabeça tornar uniforme a hora dentro dos seus países e muito menos torná-la igual à dos seus parceiros económicos.
Se os nossos empresários se dedicassem a gerir os seus negócios e deixassem de procurar desculpas esfarrapadas para a sua ineptidão o país estaria sem dúvida muito melhor.
Os patrões portugueses, incapazes de tornarem as suas empresas lucrativas e competitivas no mercado nacional e internacional, encontraram mais uma desculpa para a sua incompetência. Depois de se queixarem do Estado, dos impostos, da burocracia, da lei do trabalho, dos trabalhadores, queixam-se agora que a hora legal os prejudica. Querem por isso que a hora mude.
Não interessa que isso lese o resto da sociedade e o País; não interessa que na União Europeia existam outras horas legais para além da que vigora em Espanha, França ou Alemanha e que esses países convivam bem com isso. O que é preciso é mudar, mesmo que isso se venha a reflectir na qualidade de vida dos seus empregados e dos seus concidadãos.
Ainda por cima invocam razões totalmente absurdas como se não houvesse no mundo países que, como Portugal, até têm diferentes horas dentro no seu território. Para estes empresários, devemos de ter a mesma hora da Espanha, mas não faz mal termos os Açores com uma hora de diferença do Continente e da Madeira. Uma hora de diferença da Espanha é complicado para eles, mas aos americanos, aos brasileiros ou aos russos não lhes passa pela cabeça tornar uniforme a hora dentro dos seus países e muito menos torná-la igual à dos seus parceiros económicos.
Se os nossos empresários se dedicassem a gerir os seus negócios e deixassem de procurar desculpas esfarrapadas para a sua ineptidão o país estaria sem dúvida muito melhor.
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Nem ao Mafarrico lembra,
Os neo-negreiros,
Sacro Império
quinta-feira, março 22, 2007
De Rerum Natura
Um excelente nome para quem procura a explicação da natureza das coisas.
Um espaço criado por cientistas sem medo de descerem do seu pedestal para se dirigirem ao povo.
Oxalá outros façam o mesmo!
segunda-feira, março 19, 2007
A Nossa Opinião
Ainda bem que há no Poder quem já não majestaticamente se resguarde.
Assim outros fizessem.
sábado, março 17, 2007
Porrtugal e Allgarve
O anúncio da marca Allgarve foi feito ontem pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, segundo o qual “o nosso turismo é de importância estratégica.” E a estratégia de notabilizar o trunfo turístico português assenta em oito pilares, como frisou Manuel Pinho: “Muitos hotéis de cinco estrelas, muitos campos de golfe, muitas marinas; qualidade; voos de baixo custo e mais estruturas aeroportuárias; melhores serviços de saúde; novas regiões turísticas; condições fiscais vantajosas para os estrangeiros que escolham Portugal para segunda residência; melhorar o ensino na área da hotelaria; reforçar a notoriedade da nossa marca turística Allgarve e outras que vão ser criadas.”
Portugal vive o sonho do novo-rico mas está a tornar-se num país de pacóvios embasbacados com piroseiras de ignorantes. Afinal não passamos de estúpidos suburbanos e só aspiramos a ser os criados, caddies e jardineiros dos estrangeiros que para cá vêm sem saberem onde estão e a quem nos vendemos quais reles prostitutos de rua.
Muitos hotéis de cinco estrelas – ... para arrebentar de vez com o que resta de paisagem natural neste país!
muitos campos de golfe – claro, aos portugueses pede-se contenção no consumo de água, mas aos campos de golfe...
muitas marinas - ... e os pescadores morrem a 50 metros da praia e à entrada das barras assoreados.
qualidade – tudo o acima (e abaixo) é de elevada qualidade para os PORTUGUESES.
voos de baixo custo - ... mas quer o Sr. Ministro os ricos para os complexos de cinco estrelas ou os pés-rapados do costume?
e mais estruturas aeroportuárias - ... dantes era uma universidade em cada cidade, agora é uma estrutura aeroportuária em cada estância...
melhores serviços de saúde – ... para os estrangeiros, obviamente. É bom que se comece a contratar de imediato médicos em Marrocos, pois já nem os espanhóis querem cá trabalhar!
novas regiões turísticas - ... para quê? Se é para serem como as que o Sr. Ministro quer não vale a pena, afinal não é tudo a mesma coisa: hotéis de cinco estrelas e campos de golfe? Aqui ou na Cochinchina?
condições fiscais vantajosas para os estrangeiros que escolham Portugal para segunda residência – E os portugueses não têm direito a condições fiscais vantajosas, ou é só para inglês... gozar? Se calhar os portugueses deverão começar a mudar a sua residência para uma caixa postal em Badajoz.
melhorar o ensino na área da hotelaria – cá está: criados dos estrangeiros. É evidente que para isso a Ciência, a Tecnologia, a Economia e a Gestão, as Humanidades não precisam de ser melhoradas.
reforçar a notoriedade da nossa marca turística Allgarve e outras que vão ser criadas – ... commo Allentejo, Lissboa, Opporto, Trrás-oss-Monntes e, ssem ddúvida Allqquevva.
sexta-feira, março 16, 2007
O que valem os portugueses? (2)
Ainda sobre os serviços de saúde.
Vim a saber que mais uma criança nasceu a caminho do hospital, na ambulâcia. Se por acaso houvesse complicações no parto, quem é que garantia as tais condições de segurança que levaram ao encerramento de maternidades?
Ultimamente a política tem sido fechar centros de saúde, maternidades e acabar com determinadas especialidades por não serem viáveis, mas logo a seguir surgem projectos de criação de serviços de saúde explorados por grupos particulares e em associação com as misericórdias locais, nomeadamente em Mirandela, Espinho, Cerveira, Mealhada e Vila do Conde.
Os grupos privados investem neste sector porque têm perspectivas de lucros ou são apenas bons samaritanos que querem auxiliar as populações carenciadas? Será que toda a população pode pagar cerca de 70 euros para ser atendido naquelas regiões? Então e o dinheiro dos nossos impostos destinado a estes serviços vai para onde?
Enfim, abriu-se a porta à possibilidade dos serviços médicos passarem a ser feitos por particulares, o que não tenho nada contra. Contudo, considero que há determinadas garantias que devem ser dadas pelo Estado, que sublinho somos todos nós e não devia ser uma(s) entidade(s) qualquer/quaisquer que nos anda(m) a sugar o tutano.
Num país civilizado as pessoas pagam os seus impostos e vêem o seu dinheiro aplicado no que se considera ser o bem comum. O bem comum passa pela saúde e formação das pessoas. Para que queremos um Estado se não nos pode garantir essas condições mínimas? É preferível pagar a dezenas de milhar de assessores, secretárias, motoristas, carros, viagens, tudo gente que apenas pensa no seu bem-estar? Ou o Estado deve ser altruísta e garantir que TODOS os cidadãos nasçam, cresçam e se formem como cidadãos responsáveis em condições de segurança e com saúde?
Será que vamos optar pelo sistema americano em que cada um tem de ter seguro de saúde e, se por qualquer eventualidade (desemprego, precariedade do posto de trabalho, doença prolongada ou doença que não seja coberta pelo seu seguro...), não se tem seguro sujeita-se a ficar na estrada porque ninguém o irá tratar. É o tal sistema do utilizador pagador que só funciona se todos tivermos rendimentos estáveis, o que na sociedade de hoje é quase impossível.
Se enveredarmos por este caminho ele desemboca no individualismo puro e egoísta em que cada um cuida de si e desenrasca-se sozinho. A mentalidade é a do imediato e do vencer a qualquer custo. Será isso que queremos para nós próprios e para os nossos filhos? Pensar somente em nós, menosprezando todos aqueles que nos rodeiam e os que vierem depois de nós. Primeiro eu, depois eu e depois ainda eu, os outros não contam para nada, são mera paisagem.
Que era feito de nós se os nossos antepassados pensassem desta forma? E que diriam aqueles que lutaram durante séculos para que todos pudessem usufruir de cuidados médicos? Porque será que os cuidados de higiene e de saúde vêm descritos no Pentateuco, mais precisamente em Números e Deuteronómio? Não será porque desde muito cedo o Homem teve a noção de que deve zelar da melhor forma possível tanto pelo seu bem-estar físico como o dos restantes membros da comunidade?
Vim a saber que mais uma criança nasceu a caminho do hospital, na ambulâcia. Se por acaso houvesse complicações no parto, quem é que garantia as tais condições de segurança que levaram ao encerramento de maternidades?
Ultimamente a política tem sido fechar centros de saúde, maternidades e acabar com determinadas especialidades por não serem viáveis, mas logo a seguir surgem projectos de criação de serviços de saúde explorados por grupos particulares e em associação com as misericórdias locais, nomeadamente em Mirandela, Espinho, Cerveira, Mealhada e Vila do Conde.
Os grupos privados investem neste sector porque têm perspectivas de lucros ou são apenas bons samaritanos que querem auxiliar as populações carenciadas? Será que toda a população pode pagar cerca de 70 euros para ser atendido naquelas regiões? Então e o dinheiro dos nossos impostos destinado a estes serviços vai para onde?
Enfim, abriu-se a porta à possibilidade dos serviços médicos passarem a ser feitos por particulares, o que não tenho nada contra. Contudo, considero que há determinadas garantias que devem ser dadas pelo Estado, que sublinho somos todos nós e não devia ser uma(s) entidade(s) qualquer/quaisquer que nos anda(m) a sugar o tutano.
Num país civilizado as pessoas pagam os seus impostos e vêem o seu dinheiro aplicado no que se considera ser o bem comum. O bem comum passa pela saúde e formação das pessoas. Para que queremos um Estado se não nos pode garantir essas condições mínimas? É preferível pagar a dezenas de milhar de assessores, secretárias, motoristas, carros, viagens, tudo gente que apenas pensa no seu bem-estar? Ou o Estado deve ser altruísta e garantir que TODOS os cidadãos nasçam, cresçam e se formem como cidadãos responsáveis em condições de segurança e com saúde?
Será que vamos optar pelo sistema americano em que cada um tem de ter seguro de saúde e, se por qualquer eventualidade (desemprego, precariedade do posto de trabalho, doença prolongada ou doença que não seja coberta pelo seu seguro...), não se tem seguro sujeita-se a ficar na estrada porque ninguém o irá tratar. É o tal sistema do utilizador pagador que só funciona se todos tivermos rendimentos estáveis, o que na sociedade de hoje é quase impossível.
Se enveredarmos por este caminho ele desemboca no individualismo puro e egoísta em que cada um cuida de si e desenrasca-se sozinho. A mentalidade é a do imediato e do vencer a qualquer custo. Será isso que queremos para nós próprios e para os nossos filhos? Pensar somente em nós, menosprezando todos aqueles que nos rodeiam e os que vierem depois de nós. Primeiro eu, depois eu e depois ainda eu, os outros não contam para nada, são mera paisagem.
Que era feito de nós se os nossos antepassados pensassem desta forma? E que diriam aqueles que lutaram durante séculos para que todos pudessem usufruir de cuidados médicos? Porque será que os cuidados de higiene e de saúde vêm descritos no Pentateuco, mais precisamente em Números e Deuteronómio? Não será porque desde muito cedo o Homem teve a noção de que deve zelar da melhor forma possível tanto pelo seu bem-estar físico como o dos restantes membros da comunidade?
Marcador:
Insegurança social,
Portugal no seu melhor
quinta-feira, março 15, 2007
Há gente que quando pensa faz obra
Os chefes de governo da UE, não tendo mais nada que os ocupassem, decidiram impor a poupança de energia. Como medida mais inteligente – e em vez porem de lado os seus jactos e passarem a usar as linhas aéreas regulares – decretaram a obrigatoriedade de se passar a usar lâmpadas de longa duração à base de mercúrio, proibindo as seculares lâmpadas incandescentes de filamento de volfrâmio.
Outra medida néscia, sem dúvida pensada, discutida e aprovada pelo mesmo monte de talentos, foi o decretar a introdução de um duplo mecanismo de segurança nos isqueiros vulgares, ficando isentos desse disparate os acendedores de luxo – de certeza por não haver notícias registadas das mortes e severos aleijões provocados por tão perigosa arma.
As minhas fontes ainda não conseguiram determinar para quando está prevista a adopção da mesma medida para os fósforos e acendalhas.
Outra medida néscia, sem dúvida pensada, discutida e aprovada pelo mesmo monte de talentos, foi o decretar a introdução de um duplo mecanismo de segurança nos isqueiros vulgares, ficando isentos desse disparate os acendedores de luxo – de certeza por não haver notícias registadas das mortes e severos aleijões provocados por tão perigosa arma.
As minhas fontes ainda não conseguiram determinar para quando está prevista a adopção da mesma medida para os fósforos e acendalhas.
terça-feira, março 13, 2007
Reciprocidade
Angola – usando do principio da reciprocidade – proibiu a condução de viaturas automóveis por detentores de cartas portuguesas.
A medida até podia ser gravosa para incautos portugueses caso Angola não fosse um dos países do mundo onde é mais fácil e barato comprar uma carta de condução... de qualquer nacionalidade.
domingo, março 11, 2007
Num Domingo Ensolarado com o Carro do Patrão
Domingo, 11 de Março de 2007, c. 15:30
Um dia de muito sol e calor.
Uma viatura da Gebalis (Gestão de bairros Municipais de Lisboa, EM) com o que parece ser uma prancha de surf no acesso à portagem da Ponte 25 de Abril.
Parece que os problemas da empresa ainda não afetam o uso das viaturas.
Um dia de muito sol e calor.
Uma viatura da Gebalis (Gestão de bairros Municipais de Lisboa, EM) com o que parece ser uma prancha de surf no acesso à portagem da Ponte 25 de Abril.
Parece que os problemas da empresa ainda não afetam o uso das viaturas.
(Clique na imagem para ampliar)
Os Pequenos-Grandes Poderes
Visitando a página do Gato Fedorento encontrei uma referência ao que se designou de “pequenos poderes” que levantou uma certa celeuma na blogosfera. Estes pequenos poderes, que podem não ser tão pequenos como isso, são assim chamados pela mesquinhez, maldade e tacanhez de mentalidade, contudo pela capacidade de destruição de tudo o que lhe possa fazer concorrência podem assumir proporções alarmantes.
Alguém me perguntou um dia o que fazer para travar isto? Entrar em conflito, juntarmo-nos a eles (já que os não podemos vencer)? A minha resposta foi continuar com a nossa vida e com o que pensamos ser o correcto. Foi o que me ocorreu, pois não vejo a vida como uma constante guerra com todos ou uma competição com tudo, nem me passa pela cabeça juntar-me aquilo que não valorizo: mediocridade, falsidade, chico-espertice, falta de respeito pelos outros...
Alguém me perguntou um dia o que fazer para travar isto? Entrar em conflito, juntarmo-nos a eles (já que os não podemos vencer)? A minha resposta foi continuar com a nossa vida e com o que pensamos ser o correcto. Foi o que me ocorreu, pois não vejo a vida como uma constante guerra com todos ou uma competição com tudo, nem me passa pela cabeça juntar-me aquilo que não valorizo: mediocridade, falsidade, chico-espertice, falta de respeito pelos outros...
Estes pequenos poderes estão em todo o lado e geralmente têm capacidade para nos destruir a vida ou pelo menos para nos cortar as pernas. Não, não estou a falar em teorias da conspiração, antes estivesse.
Vejamos um caso concreto:
Há uns anos estando no desemprego, depois de ter sido preterido mais uma vez em concursos públicos por pessoas com cunhas e depois de concorrer a todos os anúncios e pedidos de colaboradores que vi (apenas fui a duas entrevistas sem consequência, os outros nem responderam) encontrei um amigo que se ofereceu para me ajudar. Eu aceitei, estava desesperado e tinha a casa para pagar.
A solução era substituir esse meu amigo num período curto de tempo em parte das suas funções, contudo as intenções desse meu amigo eram que eu e a pessoa que vivia comigo integrássemos o que se chama uma associação secreta que não é tão secreta como isso. A associação tinha um preço e isso traduzia-se na aceitação de determinadas regras.
Nós (casal) falamos sobre isso e resolvemos que esse não era o nosso caminho. Continuei a substituir o dito amigo e “miraculosamente” à pessoa que vivia comigo também surgiu uma resposta positiva numa das várias tentativas de arranjar emprego. As finanças melhoraram e isso possibilitou-nos assumir mais uns quantos encargos e até avançar para o casamento, oficializando a nossa relação. Contudo, continuámos a seguir a nossa consciência e não casámos pela Igreja. As consequências não se fizeram esperar: a minha colaboração chegou ao fim e o contrato da pessoa com quem vivia também. Voltámos à estaca zero.
Moral da história: ou se faz o que nos mandam ou não temos direito a nada.
Quem disse que a História não se repete?
sábado, março 10, 2007
sexta-feira, março 09, 2007
Vale a pena ler ...
Tudo começou com um tal Henriques que não se dava bem com a mãe e acabou por se vingar na pandilha de mauritanos que vivia do outro lado do Tejo.
Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu. Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também as botas e foi desta para melhor.
Para a coisa não ficar completamente entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho que era dado aos desportos náuticos. De tal maneira que decidiu pôr os barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Maputo, Ormuz, Calecute, Malaca, Timor e Macau.
Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo.
Felizmente, tinha um primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estaminé até chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.
Com conventos a mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a um mânfio chamado Sebastião que tinha jeito para o bricolage e não era mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas.
Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se o Pedro podia vir brincar e o irmão mais novo, o Miguel, teve uma crise de ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns negócios.
A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande coisa e foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando passeava de carroça pelo Terreiro do Paço. O pessoal assustou-se com o barulho e escondeu-se num buraco na Flandres onde continuaram a ouvir tiros mas apontados a eles e disparados por alemães.
Ao intervalo, já perdiam por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque uma tipa vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e mais tarde em beatos. Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão tinha continuado mas, felizmente, não continuou e Angola continuava a ser nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos.
Comunistas dum camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho de cravos em cima do assunto. Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma lixeira numa exposição mundial e mamar duas secas da Grécia na final.
E o Cavaco?
O Cavaco foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo.
FIM
Para piorar ainda mais as coisas, decidiu casar com uma espanhola qualquer e não teve muito tempo para lhe desfrutar do salero porque a tipa apanhou uma camada de peste negra e morreu. Pouco tempo depois, o fulano, que por acaso era rei, bateu também as botas e foi desta para melhor.
Para a coisa não ficar completamente entregue à bicharada, apareceu um tal João que, ajudado por um amigo de longa data que era afoito para a porrada, conseguiu pôr os espanhóis a enformar pão e ainda arranjou uns trocos para comprar uns barcos ao filho que era dado aos desportos náuticos. De tal maneira que decidiu pôr os barcos a render e inaugurou o primeiro cruzeiro marítimo entre Lisboa e o Japão com escalas no Funchal, Salvador, Luanda, Maputo, Ormuz, Calecute, Malaca, Timor e Macau.
Quando a coisa deu para o torto, ficou nas lonas só com um pacote de pimenta para recordação e resolveu ir afogar as mágoas, provocando a malta de Alcácer-Quibir para uma cena de estalo.
Felizmente, tinha um primo, o Filipe, que não se importou de tomar conta do estaminé até chegar outro João que enriqueceu com o pilim que uma tia lhe mandava do Brasil e acabou por gastar tudo em conventos e aquedutos.
Com conventos a mais e dinheiro menos, as coisas lá se iam aguentando até começar tudo a abanar numa manhã de Novembro. Muita coisa se partiu. Mas sem gravidade porque, passado pouco tempo, já estava tudo arranjado outra vez, graças a um mânfio chamado Sebastião que tinha jeito para o bricolage e não era mau tipo apesar das perucas um bocado amaricadas.
Foi por essa altura que o Napoleão bateu à porta a perguntar se o Pedro podia vir brincar e o irmão mais novo, o Miguel, teve uma crise de ciúmes e tratou de armar confusão que só acabou quando levou um valente puxão de orelhas do mano que já ia a caminho do Brasil para tratar de uns negócios.
A malta começou a votar mas as coisas não melhoraram grande coisa e foi por isso que um Carlos anafado levou um tiro nos coiratos quando passeava de carroça pelo Terreiro do Paço. O pessoal assustou-se com o barulho e escondeu-se num buraco na Flandres onde continuaram a ouvir tiros mas apontados a eles e disparados por alemães.
Ao intervalo, já perdiam por muitos mas o desafio não chegou ao fim porque uma tipa vestida de branco apareceu a flutuar por cima de uma azinheira e três pastores deram primeiro em doidos, depois em mortos e mais tarde em beatos. Se não fosse por um velhote das Beiras, a confusão tinha continuado mas, felizmente, não continuou e Angola continuava a ser nossa mesmo que andassem para aí a espalhar boatos.
Comunistas dum camandro! Tanto insistiram que o velhote se mandou do cadeirão abaixo e houve rebaldaria tamanha que foi preciso pôr um chaimite e um molho de cravos em cima do assunto. Depois parece que houve um Mário qualquer que assinou um papel que nos pôs na Europa e ainda teve tempo para transformar uma lixeira numa exposição mundial e mamar duas secas da Grécia na final.
E o Cavaco?
O Cavaco foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo.
FIM
(Autor desconhecido)
Televendas – uma profissão com futuro
Depois de duas horas de intensíssima formação, onde foram ensinadas as mais recentes técnicas de venda telefónica e adestradas todas as especificações técnicas do produto a vender – amplamente documentadas em cinco molhos de fotocópias de fotocópias – os candidatos a televendedores são submetidos a um exame das competências que tão destramente ministradas foram por uma experimentadíssima profissional do ramo.
Na prova que determinará a admissão ao almejado estágio de quinze dias dos candidatos à nobre profissão de telefonar para casas particulares naquele preciso momento de introspecção em que todos aproveitam para enviar um fax para a Tunísia ou então à hora em que o caldo está no lume a aquecer e as crianças berram, pulam e esperneiam gastando as suas últimas energias e as réstias de paciência dos adultos, a examinadora, a mesma criatura recém-saída da puberdade que provera tão expedito curso, faz o papel da incauta vítima a quem se vai impingir a banha da cobra, enquanto que o candidato se esmera para demonstrar como é bom na arte de vender pentes a carecas nos cinco segundos que a maioria dos contactados reais leva para fazer uma alusão à conduta sexual duvidosa da mãe do vendedor antes de desligar o telefone.
Detentora de dilatadíssima experiência, possuidora de ambição tão arrogante quanto a pedantice que a falta de bom chá na infância faculta, a examinadora dá largas à alarvidade ao condenar um candidato por não usar a sacrossanta expressão «Senhora Dona» no seu fictício discurso de vendedor, usando em vez disso a elementar mas insidiosa locução «Senhora».
De imediato emerge a prepotência longamente reprimida perante os superiores hierárquicos, seus arquétipos comportamentais, e instantaneamente o pobre candidato se vê chumbado e afastado da possibilidade de auferir o ordenado de consultor de empresa pública que lhe estava garantido caso a prova fosse bem sucedida: 3 €/h líquidos (três euros líquidos à hora, cerca de 600$00) mais 2.68 € de subsídio de almoço que não pode ultrapassar os 15m/d (quinze minutos por dia).
Embora não pareça, esta história é na sua essência verdadeira e há quem trabalhe em Portugal por este valor. Um valor que nem o maior negreiro defensor do salve-se quem puder tem a ousadia de oferecer à sua mulher-a-dias.
Na prova que determinará a admissão ao almejado estágio de quinze dias dos candidatos à nobre profissão de telefonar para casas particulares naquele preciso momento de introspecção em que todos aproveitam para enviar um fax para a Tunísia ou então à hora em que o caldo está no lume a aquecer e as crianças berram, pulam e esperneiam gastando as suas últimas energias e as réstias de paciência dos adultos, a examinadora, a mesma criatura recém-saída da puberdade que provera tão expedito curso, faz o papel da incauta vítima a quem se vai impingir a banha da cobra, enquanto que o candidato se esmera para demonstrar como é bom na arte de vender pentes a carecas nos cinco segundos que a maioria dos contactados reais leva para fazer uma alusão à conduta sexual duvidosa da mãe do vendedor antes de desligar o telefone.
Detentora de dilatadíssima experiência, possuidora de ambição tão arrogante quanto a pedantice que a falta de bom chá na infância faculta, a examinadora dá largas à alarvidade ao condenar um candidato por não usar a sacrossanta expressão «Senhora Dona» no seu fictício discurso de vendedor, usando em vez disso a elementar mas insidiosa locução «Senhora».
De imediato emerge a prepotência longamente reprimida perante os superiores hierárquicos, seus arquétipos comportamentais, e instantaneamente o pobre candidato se vê chumbado e afastado da possibilidade de auferir o ordenado de consultor de empresa pública que lhe estava garantido caso a prova fosse bem sucedida: 3 €/h líquidos (três euros líquidos à hora, cerca de 600$00) mais 2.68 € de subsídio de almoço que não pode ultrapassar os 15m/d (quinze minutos por dia).
Embora não pareça, esta história é na sua essência verdadeira e há quem trabalhe em Portugal por este valor. Um valor que nem o maior negreiro defensor do salve-se quem puder tem a ousadia de oferecer à sua mulher-a-dias.
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Insegurança social,
Os neo-negreiros,
Portugal no seu melhor
quinta-feira, março 08, 2007
Neste dia da Mulher
Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas lutam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se contra a injustiça.
Elas não levam “não” como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem sapatos novos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e alegram-se quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento.
Pablo Neruda
quarta-feira, março 07, 2007
Selecção natural, hoje dita liberal
Women from more deprived backgrounds have a lower breast cancer survival rate, research suggests.
Eu escreveria:
People from more deprived backgrounds have a lower survival rate, common sense suggests.
segunda-feira, março 05, 2007
A nova exposição temporária do Museu Nacional de Arte Antiga
Os retábulos de altar e as imagens devocionais (pinturas, esculturas e relevos) que esta exposição apresenta foram seleccionados da colecção de arte medieval do Museu Nacional de Varsóvia.
A selecção de peças é bem demonstrativa da evolução das principais expressões criativas e das declinações formais da arte gótica num vasto espaço territorial centro-europeu, surpreendendo não só pela escala e magnificência visual de muitas das imagens, como também pela complexidade dos seus referentes plásticos face a modelos e centros polarizadores (Itália e Flandres) da arte ocidental europeia durante a Baixa Idade Média.
A cronologia, a iconografia, o uso ou a função das imagens, ainda que referenciais, não estruturam matricialmente a narrativa da exposição. A optimização das condições de visibilidade de duas disciplinas artísticas distintas, da pintura e da escultura, foi também considerada na organização de dois percursos que pontualmente se entrecruzam.
Ficam aqui alguns exemplos, para aguçar o apetite. Imperdível.
A selecção de peças é bem demonstrativa da evolução das principais expressões criativas e das declinações formais da arte gótica num vasto espaço territorial centro-europeu, surpreendendo não só pela escala e magnificência visual de muitas das imagens, como também pela complexidade dos seus referentes plásticos face a modelos e centros polarizadores (Itália e Flandres) da arte ocidental europeia durante a Baixa Idade Média.
A cronologia, a iconografia, o uso ou a função das imagens, ainda que referenciais, não estruturam matricialmente a narrativa da exposição. A optimização das condições de visibilidade de duas disciplinas artísticas distintas, da pintura e da escultura, foi também considerada na organização de dois percursos que pontualmente se entrecruzam.
Ficam aqui alguns exemplos, para aguçar o apetite. Imperdível.
sábado, março 03, 2007
O Culto da Arte em Portugal
Estou a deliciar-me com a leitura de uma obra recentemente adquirida e intitulada o Culto da Arte em Portugal.
Originalmente publicada em 1896, teve uma reimpressão, não datada, próxima da morte do autor (1915). Recentemente foi editada pela Editora Esfera do Caos. Uma boa leitura a fazer lembrar que a Arte de Roubar não é só de agora...
Saída da pena de Ramalho Ortigão e com um cheirinho a "Farpas", faz uma análise crítica do panorama cultural do Portugal de finais do século XIX. Dirigida pelo autor à Comissão dos Monumentos Nacionais, traça um retrato, nada abonatório dos monumentos portugueses, dos restauros a que são sujeitos, da anarquia estética e da decadência cultural em geral. Não fosse a data de publicação quase diríamos que tinha saído do prelo recentemente, tal é a actualidade da mesma.
Escreve Ramalho Ortigão:
"A autoridade, incerta, vagamente definida, a quem tem sido confiada a conservação e a guarda da nossa arquitectura monumental, procede com esse enfermo, de quem se incumbiu de ser o enfermeiro, por dois métodos diferentes: umas vezes deixa-o morrer; outras vezes, para que ele mesmo não tome essa resolução lamentável, assassina-o."
E ainda...
"A decapitação oficial da nossa educação artística manifesta-se ainda de mais perto, acotovelando-nos e contundindo-nos por toda a parte, no aspecto do povo, na estética das cidades, na aparência dos prédios, na decoração das praças, das avenidas, dos cemitérios, dos jardins públicos..."
Originalmente publicada em 1896, teve uma reimpressão, não datada, próxima da morte do autor (1915). Recentemente foi editada pela Editora Esfera do Caos. Uma boa leitura a fazer lembrar que a Arte de Roubar não é só de agora...
O que valem os portugueses?
As reformas constantes do nosso país já não são uma novidade: as moscas mudam... e os portugueses são quem fica a perder.
As mudanças constantes e as vagas reformistas do ensino traduziram-se naquilo que se sabe da qualificação dos alunos à saída da escola e agora no descrédito dos professores. Hoje é possível um pai classificar o professor do seu filho, amanhã se calhar os doentes poderão fazer o mesmo em relação aos médicos e os acusados na Justiça dar notas ao juiz: positiva se saírem em liberdade ou negativa se os condenar.
A política de saúde também é modelar neste aspecto. Fecham-se sistematicamente valências hospitalares, SAPs e maternidades, pois não têm “condições de segurança”, seja lá o que isso for. Como resultado as portuguesas têm de ir para Espanha para ter as suas crianças, mais ainda os portugueses dirigem-se para o estrangeiro para poderem ser seguidos pelos seus médicos.
Os alentejanos, por exemplo, deveriam ser considerados uma “raça” em extinção, pois nascendo em solo espanhol facilmente poderão pedir a cidadania espanhola, o que já deve ter ocorrido a muitos. A alternativa é sujeitarem-se a ter as crianças na ambulância, o que acontece há décadas em regiões do Baixo Alentejo, onde parece haver um bombeiro “formado” em partos na estrada – provavelmente estes partos ocorrem com as tais “condições de segurança” necessárias!Mas o que é mais interessante é fecharem-se valências hospitalares do Estado alegando não haver possibilidade de as manter e, logo a seguir, surgirem projectos de hospitais privados, onde essas mesmas valências vão existir. Veja-se o caso de Mirandela. Então se é público não se justifica a existência de maternidade e se for privado já se justifica e até é rentável?
As mudanças constantes e as vagas reformistas do ensino traduziram-se naquilo que se sabe da qualificação dos alunos à saída da escola e agora no descrédito dos professores. Hoje é possível um pai classificar o professor do seu filho, amanhã se calhar os doentes poderão fazer o mesmo em relação aos médicos e os acusados na Justiça dar notas ao juiz: positiva se saírem em liberdade ou negativa se os condenar.
A política de saúde também é modelar neste aspecto. Fecham-se sistematicamente valências hospitalares, SAPs e maternidades, pois não têm “condições de segurança”, seja lá o que isso for. Como resultado as portuguesas têm de ir para Espanha para ter as suas crianças, mais ainda os portugueses dirigem-se para o estrangeiro para poderem ser seguidos pelos seus médicos.
Os alentejanos, por exemplo, deveriam ser considerados uma “raça” em extinção, pois nascendo em solo espanhol facilmente poderão pedir a cidadania espanhola, o que já deve ter ocorrido a muitos. A alternativa é sujeitarem-se a ter as crianças na ambulância, o que acontece há décadas em regiões do Baixo Alentejo, onde parece haver um bombeiro “formado” em partos na estrada – provavelmente estes partos ocorrem com as tais “condições de segurança” necessárias!Mas o que é mais interessante é fecharem-se valências hospitalares do Estado alegando não haver possibilidade de as manter e, logo a seguir, surgirem projectos de hospitais privados, onde essas mesmas valências vão existir. Veja-se o caso de Mirandela. Então se é público não se justifica a existência de maternidade e se for privado já se justifica e até é rentável?
sexta-feira, março 02, 2007
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