quinta-feira, outubro 27, 2005

Eleições, o rescaldo

«As últimas eleições autárquicas provaram que a democracia portuguesa está doente».

Fátima Felgueiras, discurso de tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Felgueiras.

- Pois é, só numa democracia doente é que uma gaja como ela conseguia chegar à presidência duma câmara municipal.

sábado, outubro 22, 2005

Despotismo Iluminado

O Primeiro Ministro, José Sócrates, julga-se, agora, um déspota iluminado.
O déspota iluminado é aquele que, por as suas luzes serem superiores às dos restantes mortais, tem o direito de governar sem que para isso se tenha de submeter a qualquer jurisdição. O déspota iluminado é necessariamente bom, decide e age de acordo com a Razão, logo não há lugar a enganos, erros ou injustiças.
Os cenários que se perfilam neste momento relativamente ao aborto são desfavoráveis aos planos do Primeiro Ministro. Daí que dê o dito por não dito e esteja preparado para na Assembleia da República decidir aquilo que há meses dizia dever ser decidido pelo voto directo dos cidadãos.
Independentemente da posição que cada um possa ter sobre o aborto, o que está em causa é um iluminado querer impor ao país a sua razão, sem se importar com o que o país possa pensar disso.
Uma matéria que já foi referendada não pode depois ser legislada em sentido contrário ao do voto da maioria dos eleitores. Tal seria uma usurpação do poder daqueles que constitucionalmente o detêm – o povo.
Não é aqui válido o argumento (se é que este é alguma vez válido) que numa democracia representativa os deputados à Assembleia têm legitimidade para decidir sobre o assunto aborto. Os que assim o julgarem estão a sobrestimar as suas insignificantes importâncias, pois esquecem que o povo quando vota escolhe o mal menor e não passa cheques em branco, principalmente a políticos da craveira dos nossos. Além disso, ninguém pode arrogar-se no direito de votar em nome de outrém sobre matérias de consciência (e já agora de soberania).
Igualmente não é válido o argumento de que se trata duma promessa eleitoral de que esta matéria ficaria resolvida neste ano, já que, depois de tantas promessas quebradas, não seria o atraso de um ano no cumprimento desta que afectaria irremediavelmente a (pouca) confiança neste governo. E também aqui se aplica o acima referido sobre o voto no mal menor e a não passagem de cheques em branco.
Aliás, a situação em que se encontra o Primeiro Ministro só resulta da boa Constituição que o seu partido (com outros) impuseram ao país, um instrumento verdadeiramente kafkiano quanto ao processo eleitoral.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Vergonha de ser Português II

Na sequência do assunto anterior e continuando a engolir em seco, é de lamentar, a falta de resposta por parte de quem (des)governa este país, a um pedido de ajuda internacional.
Nem um médico ou sequer uma tenda ou um simples cobertor pra lá foi enviado por entidades oficiais.
Pois fiquem a saber que hoje 13.10.05, partiu do Aeroporto de Lisboa, por volta das 12h30m, um avião carregado de gente da Protecção Civil entre os quais médicos, enfermeiros, policias, bombeiros e por último uma resma de generais aposentados e ainda outros quantos paralíticos daqueles que se arrastam diariamente pelos corredores do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil... com destino á Sicília (Itália), imaginem a fazer o quê?
Hehehehe, nada mais nada menos do que... meus senhores... pois bem, PARTICIPAR NO MAIOR SIMULACRO DE UM TERRAMOTO ALGUMA VEZ REALIZADO EM ITÁLIA.
Nem se quer vou especular sobre os gastos que este passeio vai representar ao orçamento de estado, acredito apenas que daria pra comprar uns bons milhares de cobertores.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Vergonha de ser Português? Sim, tenho.

Sábado, 8 de Outubro, enquanto toda a minha gente deste país maravilhoso meditava sobre em quem iria votar, eis que a mãe natureza, ao seu estilo mais radical decidiu premiar o Paquistão com um monumental tremor de terra de 7.6 na escala de Richter, provocando milhares de mortos e deixando um país já de si pobre, numa completa miséria humanitária.
Domingo, 9 de Outubro, como seria de esperar, o Paquistão lança um pedido de ajuda internacional, ao qual respondem os mais variados países menos, claro está, PORTUGAL. E porquê? Perguntam vocês e muito bem… Porque os nossos governantes estavam de tal maneira embrenhados na teia autárquica que nem quiseram saber se os Paquistaneses morreram ou deixaram de morrer, pois mais importante que isso era, sem qualquer duvida, saber quem conseguiria segurar ou ganhar os TACHOS AUTARQUICOS.
Enfim, gostaria de escrever mais qualquer coisa mas não consigo parar de engolir em seco.
Oxalá a mãe natureza nos ponha na cauda da fila das suas intenções para que pelo menos possamos dormir descansados.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Resultados Eleitorais

As eleições de ontem deram muita alegria a uns quantos caciques que ao serem eleitos têm por relevadas todas as faltas, abusos e crimes de que são acusados ou suspeitos.
Engano!
O povo soberano, mas ignorante, pode ter-se enganado ou ter sido enganado por demagogos, mas no Estado de Direito não há poderes absolutos, daí que a Justiça continue a correr e em breve poderemos ter alguns desses chefes tribais atrás das grades.
O povo soberano precisa dum estágio no sofá do psiquiatra, já que parece sofrer dalguma patologia autodestrutiva que o leva a arriscar a entrega do ouro ao bandido.
O ignorante povo soberano vê nesses caciques messias salvadores que dão empregos e electrodomésticos à malta, que fazem rotundas e jardins, zonas industriais e centros comerciais e que de repente põem a santa terrinha no mapa das auto-estradas e dos fundos comunitários de apoio ao (sub)desenvolvimento (porque disso não conseguem sair), é incapaz de ver, que se por meios esconsos obtiveram isso, o que não obteriam por meios claros.
Este povinho ignaro, bairrista até à estupidez, é comprado por um prato de lentilhas quando se podia vender em troco duma vida decente e que as grandes conquistas que os seus autarcas de reputação duvidosa lhes conseguiram são uma fracção do que de direito lhes é devido.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Cagadores de ruas (CDU - Campanha Eleitoral 4)

Depois da auto-intitulada igreja Maná ter andado a poluir as ruas com cartazes colados no mobiliário urbano, o inevitável aconteceu: a CDU, aquela pseudo-coligação com o Partido Melancia (também conhecido como o Partido Roberto) colou por cima dos retratos dos angélicos apóstolos impostores as fronhas feias dos seus candidatos aos órgãos locais.
Confesso que no meu concelho a ausência de candidatos sérios dos partidos que alternadamente repartem entre si o bolo da República me levou a ponderar votar nessa pseudo-coligação, mas ao ver que nada mudou na sua atitude perante o que é de todos levou-me a repudiar de vez atribuir-lhes o meu voto – se desrespeitam desse modo as paredes das ruas onde todos podem ver a sua falta de civilidade, imagine-se o que farão nas nossas costas.
Assim, o meu voto vai para...
Não. Acho que o vou guardar, para que não mo roubem.